afirmação teórica. — Uma tese apresenta-se em geral como uma verdade parcial, cujo contrário é também verdadeiro (“antítese” ): a verdade se destaca então através de uma “síntese” das duas afirmações; tal é o movimento “dialético” de qualquer pensamento que se forma e desenvolve. (Do ponto de vista dos títulos universitários, uma tese é uma obra feita com objetivo de obter-se o grau de doutor; na França, distingue-se, em letras e em ciências, o doutorado de universidade (nível da licença) e o doutorado de Estado, que requer uma tese principal e uma tese complementar, e que é o único a permitir que se lecione em faculdade.) (V. dialética.) [Larousse]
Tese significava literalmente, em grego, ação de pôr. O que se punha podia ser qualquer coisa: uma pedra num edifício, um verso num poema. A tese era também a ação de estabelecer ou constituir (leis, impostos, prêmios). Em sentido mais especial, era a ação de estabelecer “pôr” uma doutrina, um princípio, uma proposição Neste sentido é válida a tradução, ainda hoje válida de tese por afirmação. Tal sentido já se encontra em Platão… Aristóteles entendeu o termo num sentido mais especial, ao conceber a tese como um princípio imediato do silogismo que serve de base para a demonstração. A tese parece estar no mesmo plano que o axioma. No entanto, a tese não é um princípio evidente e indemonstrável; segundo Aristóteles é “um juízo contrário á opinião corrente dado por um filósofo importante”. Por exemplo, a afirmação ou tese de Heráclito: “tudo flui”. A tese não é indispensável para aprender algo, mas o axioma o é. De acordo com Aristóteles, toda a tese é um problema, mas nem todo o problema é uma tese, pois há problemas acerca dos quais não possuímos nenhuma opinião em nenhum sentido. As teses podem ser de duas espécies: definições na medida em que aclarações semânticas de um termo, e definições em que posições ou afirmações da existência de uma realidade. Neste último caso chamam-se antes hipóteses. Neste sentido, mas dentro de outra craveira intelectual, usou-se o termo tese no idealismo alemão, especialmente em Kant e Hegel. No artigo Antinomia viu-se a função que a tese exerce na dialéctica transcendental de Kant. Para Hegel a tese representa a afirmação (e posição ) de um conceito (ou de uma entidade) que é negado pela antítese. A negação da antítese ou negação da negação da tese dá lugar à síntese. Este processo é caraterístico da dialéctica, a qual se aplica simultaneamente ao mundo ideal e ao real em virtude da correlação que existe entre ambas as esferas. Suprimida a base idealista, Marx afirma o mesmo processo na sua teoria dialéctica da História e Hegel na sua teoria dialéctica da natureza. Nestas últimas doutrinas, especialmente a de Hegel e diferentemente do que acontecia em Kant, considera-se que a tese é um erro necessário e um momento indispensável no desenvolvimento da verdade completa que reside na totalidade. [Ferrater]
(gr. thesis; in. Thesis; fr. Thèse; al. These; it. Tesi).
Este termo deriva dos textos lógicos de Aristóteles, nos quais se encontra com dois significados principais:
1) para designar o que o interlocutor põe no início de uma dissertação como assunção sua (Top., II, 1, 109 a 9);
2) para designar uma proposição assumida como princípio (An. post., I, 2, 72 a 14).
Esses dois significados conservaram-se na tradição filosófica. O primeiro encontra-se já em Platão (República, I, 335 a), e, segundo tradição relatada por Diógenes Laércio, Protágoras teria sido o primeiro a mostrar como apoiar uma tese em argumentos (Diógenes Laércio, IX, 53). Na terminologia dos lógicos medievais e dos matemáticos prevaleceu esse significado: a tese designa uma proposição que se pretende demonstrar.
Com Kant, esse termo adquiriu novo valor filosófico: nas antinomias da razão pura tese é o enunciado afirmativo da antinomia.
Na dialética pós-kantiana, o momento da tese é o elemento positivo ou de posição, portanto inicial, do processo ou do desenvolvimento dialético (v. Dialética, 4). [Abbagnano]