(do lat, terminus, o limite, fim).
O termo é a expressão verbal da ideia. Do ponto-de-vista lógico, é necessário distinguir o termo da palavra. O termo pode de fato comportar várias palavras (por exemplo: o bom Deus, alguns homens, uma ação de estrondo), que, entretanto, constituem uma única ideia lógica. [Jolivet]
O conceito é denominado por vezes “termo”, pois aparece como o termo ou término do ato simples de apreensão; Para Aristóteles, o termo (horos) é o que se obtém decompondo o juízo; é ainda, para ele, aquilo que limita ou determina a proposição em um silogismo. O termo designará portanto, para nós, o conceito quando entra em um juízo ou um raciocínio, que compartilhamos em um ato de leitura. [Chenique]
O vocábulo termo pode ser usado em filosofia em diversos sentidos. Eis aqui alguns dos principais:
1. Aristóteles usou o vocábulo termo na apresentação da sua teoria do silogismo. Os termos de uma premissa num silogismo são considerados como os seus limites: o limite do começo (sujeito) e o limite do final (predicado). a premissa decompõe-se, portanto, em dois termos. Cada um deles é representado por uma letra que representa um termo. Como duas das referidas letras reaparecem na conclusão, também se diz que na conclusão há dois termos. O termo que aparece nas duas premissas e não aparece na conclusão é o termo médio. O que aparece primeiro na conclusão chama-se termo último. O que aparece em último na conclusão chama-se termo primeiro. Vê-se portanto, que há lugar a confusão, pois o que chamamos termo último aparece primeiro e vice-versa. Se nos ativermos à forma dada por Aristóteles a confusão desvanece-se; por exemplo, “a é predicado (é verdadeiro) de todo o c”, donde efetivamente o termo primeiro aparece no princípio e o último no final; dito por outras palavras, o predicado está antes do sujeito.
2. termo usa-se também frequentemente em substituição de vocábulo ; neste caso, significa palavra escrita. Neste sentido o temos usado em numerosas partes deste dicionário.
3. De um modo mais formal, usa-se termo para designar o nome de uma entidade, o nome do nome de tal entidade e assim sucessivamente. (Ferrater)
a) Termo final, segundo a natureza das coisas.
b) A expressão verbal, termo verbal. Na proposição, termos são o sujeito e o predicado; num silogismo, a premissa maior e a menor; numa analogia, o termo analogante e o analogado.
c) Na lógica o homem expressa o que pensa e o que sente por sinais significativos orais, que constituem os termos orais, e por sinais escritos, os termos escritos.
Diz-se sinal o que, pelo qual, algo se torna conhecido de outro. Ele indica, aponta algo que se torna conhecido por ele, sem ser ele. Desse modo está em lugar de outro, ao qual aponta, indica. Portanto requer: a) alguma coisa significante; b) a coisa significada; c) o nexo entre ele e a coisa significada; d) o sujeito cognoscente, apto a compreender o que aquele aponta. Deste modo o sinal une por meio de algo uma coisa significada ao cognoscente. O termo oral é um sinal constituído de uma voz significativa (vocábulo) para comunicar uma ideia, uma emoção, alguma coisa. É pois uma voz (um som) articulado ou não, que significa alguma coisa.
Divisões dos termos:
Chamavam os antigos lógicos de termos categoremáticos os que tinham em si mesmos plena significação, que significam de per si, como homem, casa, árvores; sincategoremáticos, aqueles que não possuem de per si significação, mas modificam algum termo significante, como todo, algum, com, pois, e, daí, etc., chamados atualmente de funcionais. Esta classificação tem importância, sobretudo se considerarmos que uma ideia pode ser tomada categorematicamente ou não. Categorematicamente, quando tem um conteúdo positivo de per si, e poder-se-ia dizer que o Ser Supremo é infinito, sendo a infinitude a sua natureza. Tomado sincategorematicamente, a infinitude seria funcional, um modo de ser. Nas discussões filosóficas esta distinção é importante.
Os termos podem ser unívocos, análogos e equívocos. Unívoco é o que significa um conceito simplesmente (simpliciter, um e uma razão simpliciter uma, como homem). Análogo é o que significa um conceito relativamente (secundum quid) ou proporcionalmente um e com uma razão objetiva relativamente uma, ou em outras palavras, o que se predica de muitos, segundo uma significação em parte a mesma e em parte diversa (analogia intrínseca), ou significa muitas razões entre si coerentes (analogia extrínseca). O termo ente é análogo do primeiro modo, porque significa intrinsecamente, enquanto o termo são se diz da medicina ou do alimento extrinsecamente, como ridente, que se pode dizer de um rosto e de um prado. Termo equívoco é o termo ambíguo, de dúplice significação, que significa simplesmente muitas coisas, como o termo cão, que pode significar o animal, uma peça de arma, uma constelação, etc.
Note-se, porém, que se os termos podem ser equívocos, não o podem ser os conceitos, que são apenas unívocos ou análogos, porque um conceito equívoco seria outro conceito. Assim o termo cão que é, como termo oral e escrito, o mesmo, quanto ao seu conteúdo conceitual é vário, e cada conceito é outro conceito, e não o mesmo. Os termos significam os conceitos, mas estes significam a si mesmos. Não confundir o termo com o conceito é fundamental na lógica, e poder-se-á assim evitar inúmeros sofismas, que surgem dos termos equívocos, não propriamente dos conceitos. Segundo a compreensão da ideia significada, segundo o conceito, os termos podem ser positivos ou negativos, quando significam alguma coisa positiva ou a privação de uma perfeição. Assim homem e não-homem, sábio e ignorante. Há, contudo, termos que são aparentemente negativos, mas significam alguma coisa positiva, como não-eu e átomo. O termo negativo é chamado também indefinido, quando sua significação é indeterminada, como não-homem que significa, indeterminadamente, tudo quanto não é homem.
Termo concreto é o que significa o sujeito com a forma, como homem, sábio. Termo abstrato, o que significa apenas a forma: como humanidade, sapiência. Termo simples é o que é composto de um só vocábulo; complexo, o que consta de muitos. O termo é explicativo, quando convém ao conceito em toda a sua extensão, como homem mortal; e restritivo, ao contrário, como homem sábio.
Segundo a extensão das ideias (dos conceitos), o termo é próprio quando significa apenas uma coisa singular, como Sócrates. É comum, quando significa vários, segundo a mesma significação, como é o conceito universal, como mesa, árvore; coletivo, quando não se refere a indivíduos singulares mas tomados simultaneamente numa coleção como batalhão.
Do nome e do verbo: Define-se nome como a voz significativa para a comunicação falada, sem tempo (intemporal), da qual nenhuma parte tem significação separada, finita, reta. Por ser sem tempo, distingue-se do verbo, que é com tempo, exclui a oração e termos complexos; é finita, porque exclui os termos infinitos e indefinidos; reta, porque exclui os casos oblíquos, que são sincategoremáticos. Verbo é, pois, a voz significativa com tempo, possuindo as outras mesmas características do nome. O verbo, na oração, exerce o papel de medium que une e expressa a existência atualmente exercida ou possível nos juízos afirmativos; ou o contrário, nos negativos.
O verbo ser é chamado, frequentemente, cópula, quando realiza uma função copulativa entre o sujeito e o predicado; do contrário, é meramente um verbo substantivo, que afirma o ato de ser atual ou possível do sujeito. [MFSDIC]
(gr. horos; lat. Terminus; in. Term; fr. Terme; al. Terminus; it. Termine).
Os significados principais são os seguintes:
1- O signo linguístico ou conjunto de signos. Este é o significado que mais diz respeito à filosofia (v. adiante).
2- Qualquer objeto ou coisa a que um discurso se refira. Nesse sentido, é sinônimo de objeto ou de coisa.
4- Ponto de chegada de uma atividade ou resultado de uma operação. Nesse sentido, p. ex., o termo da vontade é a ação, o termo do intelecto é o conhecimento;
5- Ponto de partida ou ponto de chegada de um movimento. Nesse sentido, fala-se de terminus a quo e de terminus ad quem.
No primeiro significado, que interessa à lógica, é possível distinguir os seguintes significados subordinados:
a) os elementos que compõem as premissas do silogismo categórico: sujeito e predicado;
b) todos os componentes simples presentes nas proposições; nesse sentido, são termos não só o sujeito e o predicado, mas também os verbos, as preposições e as conjunções, ou seja, os componentes sincategoremáticos, ao passo que as proposições não são termo porque não são simples;
c) todos os componentes das proposições, tanto simples quanto complexos. Nesse sentido muito geral, são termos não só o sujeito, o predicado, o verbo e os componentes sincategoremáticos, mas também as proposições, já que podem fazer parte de outras proposições, como quando se diz “”Sócrates é homem’ é uma proposição”.
O significado (a) é o definido por Aristóteles (An. pr., I, 1, 24 b 16); persistiu até a lógica medieval (v. Pedro Hispano, Summ. log., 4.01). Os outros significados foram admitidos pela lógica terminista do séc. XIV e podem ser encontrados em Ockham (Summa log., I, 2).
Em vista da diversidade de significados dessa palavra, foram numerosas e diversas as divisões do conceito. A divisão que os lógicos terministas consideram fundamental é entre termo escrito, termo falado e termo pensado, correspondentes às três espécies de proposições distinguidas por Boécio. Eles distinguiram também os termos categoremáticos e sincategoremáticos (v. sincategoremático); concretos e abstratos; conotativos e absolutos (v. conotação); unívocos e equívocos (sobre essas divisões, cf. Occam, Summa log., I, 3 ss.).
Na lógica moderna, essa palavra é assumida no significado mais extenso, no sentido (c) (v. Church, Introduction to Mathematical Logic, n. 4). Em matemática, é assumida com significado análogo, entendendo-se por termo qualquer componente, simples ou complexo, de uma expressão. (Abbagnano)
Não tendo a linguagem outra finalidade a não ser a de exprimir o pensamento, devemos naturalmente encontrar nela os elementos do pensamento. É assim que ao conceito corresponde o termo, oral ou escrito, que praticamente não é senão uma representação daquele. O que se dirá de um, do ponto de vista lógico, valerá sem reserva especial para o outro.
Definição do termo.
A questão do termo e a questão mais geral da linguagem, são tratadas por Aristóteles nos quatro primeiro capítulos do Peri hermeneias, e por Tomás de Aquino em seu Comentário a esses capítulos.
De maneira geral, define-se o termo: uma “voz” (uma palavra) que tem uma significação convencionada: vox significativa ad placitum.
A segunda parte desta definição destaca justamente o aspecto convencional da linguagem. Um sinal pode, com efeito, ser natural ou convencional. É natural o sinal cuja significação está incluída na essência mesma do fato. A fumaça, por exemplo, é sinal natural do fogo, o gemido, do sofrimento. É convencional o sinal cuja determinação depende de uma escolha livre. Um ramo de oliveira é, convencionalmente, sinal de paz. A linguagem, em seu conjunto e em seus elementos, é o próprio tipo do sinal convencional.
Mas, de que, exatamente, a linguagem é um sinal? O sinal é aquilo que representa uma coisa diferente de si. Para Tomás de Aquino, aquilo que é significado imediatamente pelo termo é o conceito: eu falo para exprimir meu pensamento. Não é menos certo que, quando eu falo, é sobretudo para dizer alguma coisa, isto é, para fazer conhecer uma realidade. Dir-se-á que, por esse motivo, o termo significa principalmente a coisa expressa pelo conceito. É à luz desta explicação que será necessário entender a fórmula clássica de Tomás de Aquino: voces sunt signa conceptuum et conceptus sunt signa rerum.
Dever-se-á observar, além disso, que os termos, voces, não são sinais da mesma maneira que os conceitos. Os termos não contêm as coisas que eles próprios significam, eles somente conduzem a elas como a qualquer coisa de distinto. Os conceitos, ao contrário, representam as coisas e mesmo, sob um certo ponto de vista, na medida em que exprimem a essência, eles são as próprias coisas que representam. Os escolásticos, João de Tomás de Aquino em particular, fizeram essa distinção. O termo é o que eles chamam um sinal instrumental, enquanto que o conceito é um sinal formal.
Divisão dos termos.
Vamos encontrar, com muitas outras, as distinções já feitas a respeito do conceito. Para colocar um pouco de ordem em todas essas divisões, pode-se fazer uma distinção que Tomás de Aquino propõe no Peri hermeneias (I, 1. 1, n. 5). Os termos, diz ele, podem ser considerados sob três pontos de vista: enquanto significam absolutamente as simples intelecções, enquanto são partes das enunciações ou julgamentos, enquanto são elementos constitutivos dos raciocínios. Tomemos essa distinção como base de nossa classificação dos termos e, pela mesma razão, dos conceitos.
Os termos considerados em si mesmos podem ser:
Simples ou complexos
Concretos ou abstratos
Singulares, particulares, universais
Coletivos ou divisivos.
Unívocos, análogos, equívocos
Gênero, espécie, diferença, próprio, acidente
A divisão dos termos como partes da enunciação foi exposta por Aristóteles nos primeiros capítulos do Peri hermeneias. O primeiro discernimento que aqui se impõe é o das partes essenciais e das partes accessórias da enunciação; a lógica praticamente não terá de se ocupar dos primeiros. As partes essenciais da enunciação são os termos categoremáticos (significativi), que representam diretamente alguma coisa não entrando na enunciação para modificar um outro termo.
Exemplo: “homem”, “branco”, “cair.”. Há duas espécies deles: o nome e o verbo. As partes acessórias da enunciação são os termos sincategoremáticos (consignificativi) que não têm significação senão enquanto modificam um elemento essencial do discurso. São os adjetivos, qualificativos, (“uma bela casa”); as preposições e os advérbios (“faz muito calor”). (Gardeil)
Não tendo a linguagem outra finalidade a não ser a de exprimir o pensamento, devemos naturalmente encontrar nela os elementos do pensamento. É assim que ao conceito corresponde o termo, oral ou escrito, que praticamente não é senão uma representação daquele. O que se dirá de um, do ponto de vista lógico, valerá sem reserva especial para o outro.
Definição do termo.
A questão do termo e a questão mais geral da linguagem, são tratadas por Aristóteles nos quatro primeiro capítulos do Peri hermeneias, e por Tomás de Aquino em seu Comentário a esses capítulos.
De maneira geral, define-se o termo: uma “voz” (uma palavra) que tem uma significação convencionada: vox significativa ad placitum.
A segunda parte desta definição destaca justamente o aspecto convencional da linguagem. Um sinal pode, com efeito, ser natural ou convencional. É natural o sinal cuja significação está incluída na essência mesma do fato. A fumaça, por exemplo, é sinal natural do fogo, o gemido, do sofrimento. É convencional o sinal cuja determinação depende de uma escolha livre. Um ramo de oliveira é, convencionalmente, sinal de paz. A linguagem, em seu conjunto e em seus elementos, é o próprio tipo do sinal convencional.
Mas, de que, exatamente, a linguagem é um sinal? O sinal é aquilo que representa uma coisa diferente de si. Para Tomás de Aquino, aquilo que é significado imediatamente pelo termo é o conceito: eu falo para exprimir meu pensamento. Não é menos certo que, quando eu falo, é sobretudo para dizer alguma coisa, isto é, para fazer conhecer uma realidade. Dir-se-á que, por esse motivo, o termo significa principalmente a coisa expressa pelo conceito. É à luz desta explicação que será necessário entender a fórmula clássica de Tomás de Aquino: voces sunt signa conceptuum et conceptus sunt signa rerum.
Dever-se-á observar, além disso, que os termos, voces, não são sinais da mesma maneira que os conceitos. Os termos não contêm as coisas que eles próprios significam, eles somente conduzem a elas como a qualquer coisa de distinto. Os conceitos, ao contrário, representam as coisas e mesmo, sob um certo ponto de vista, na medida em que exprimem a essência, eles são as próprias coisas que representam. Os escolásticos, João de Tomás de Aquino em particular, fizeram essa distinção. O termo é o que eles chamam um sinal instrumental, enquanto que o conceito é um sinal formal.
Divisão dos termos.
Vamos encontrar, com muitas outras, as distinções já feitas a respeito do conceito. Para colocar um pouco de ordem em todas essas divisões, pode-se fazer uma distinção que Tomás de Aquino propõe no Peri hermeneias (I, 1. 1, n. 5). Os termos, diz ele, podem ser considerados sob três pontos de vista: enquanto significam absolutamente as simples intelecções, enquanto são partes das enunciações ou julgamentos, enquanto são elementos constitutivos dos raciocínios. Tomemos essa distinção como base de nossa classificação dos termos e, pela mesma razão, dos conceitos.
Os termos considerados em si mesmos podem ser:
Simples ou complexos
Concretos ou abstratos
Singulares, particulares, universais
Coletivos ou divisivos.
Unívocos, análogos, equívocos
Gênero, espécie, diferença, próprio, acidente
A divisão dos termos como partes da enunciação foi exposta por Aristóteles nos primeiros capítulos do Peri hermeneias. O primeiro discernimento que aqui se impõe é o das partes essenciais e das partes accessórias da enunciação; a lógica praticamente não terá de se ocupar dos primeiros. As partes essenciais da enunciação são os termos categoremáticos (significativi), que representam diretamente alguma coisa não entrando na enunciação para modificar um outro termo.
Exemplo: “homem”, “branco”, “cair.”. Há duas espécies deles: o nome e o verbo. As partes acessórias da enunciação são os termos sincategoremáticos (consignificativi) que não têm significação senão enquanto modificam um elemento essencial do discurso. São os adjetivos, qualificativos, (“uma bela casa”); as preposições e os advérbios (“faz muito calor”). (Gardeil)