terminismo

Nome que se dá à doutrina nominalista de Ockam, pelo papel importante que a palavra terminus tem na sua concepção, ao analisar as operações lógicas. Aplica-se a palavra, algumas vezes, para denominar as concepções nominalistas. [MFSDIC]


(in. Terminism; fr. Terminisme: al. Terminismus; it. Terminismo).

Desde o começo do séc. XV, são designados pelos nomes de terministas (terministae) ou nominalistas (nominales) os defensores da tese nominalista na disputa sobre os universais (v. nominalismo; universal), que eram, ao mesmo tempo, cultores da nova lógica, considerada como o estudo das propriedades dos termos. Jean Gerson (que morreu em 1429) já fala da disputa entre formalistas e terministas (De conceptibus, em Opera, 1706, IV, p. 806). Num manuscrito do mesmo século, da Biblioteca Colbert (publicado em parte por S. Baluzi, Miscellanea, IV, p. 531 f), encontra-se: “São denominados nominalistas os doutores que não multiplicam as coisas significadas pelos termos segundo a multiplicação dos termos; realistas, ao contrário, são os que afirmam que as coisas se multiplicam segundo a multiplicidade dos termos. (…) Também são chamados de nominalistas os que usam estudo e diligência para conhecer todas as propriedades dos termos, das quais depende a verdade ou a falsidade das proposições; tais propriedades são a suposição, a denominação, a extensão, a restrição, a distribuição e os exponíveis, e que conhecem também as antinomias (obligationes) e os verdadeiros fundamentos dos argumentos dialéticos” (transcrito em Prantl, Geschichte der Logik, IV, p. 187). O estudo das propriedades dos termos, de que se fala aí, partia da tendência geral desses filósofos e lógicos, segundo os quais o conhecimento e a ciência só têm por objeto os termos. Ockham diz a respeito: “Qualquer ciência, seja racional, seja real, é ciência só de proposições, e de proposições conhecidas, porquanto só as proposições são conhecidas. Todos os termos dessas proposições são apenas conceitos, e não substâncias externas” (In Sent., I, d. 2, q. 4, M, N) (v. lógica; nominalismo; universal). [Abbagnano]


Chama-se terminismo àquela posição no problema dos universais segundo a qual os universais são termos. estes podem ser falados ou escritos. Em ambos os casos trata-se de signos. Portanto, o terminismo não só rejeita a existência dos universais ou entidades abstratas nas formas realistas ou conceptualistas, mas além disso, nega a existência de conceitos abstratos. Os que chamamos assim são apenas nomes por meio dos quais se designam as entidades concretas, únicas das quais pode dizer-se que existem. Considera-se, portanto, que o terminismo é uma forma de nominalismo e às vezes tem sido chamado nominalismo exagerado. Alguns autores declaram que o terminismo aceita que os universais estão no espírito; isto parece aproximar a posição terminista da nominalista moderada e até da conceptualista.. No entanto, como depois se afirma que a “existência dos universais na mente não significa que sejam substantes nela, volta-se a cortar toda a relação entre o nominalismo e o conceptualismo.. TESEtese significava literalmente, em grego, ação de pôr. O que se punha podia ser qualquer coisa: uma pedra num edifício, um verso num poema. A tese era também a ação de estabelecer ou constituir (leis, impostos, prémios). Em sentido mais especial, era a ação de estabelecer “pôr” uma doutrina, um princípio, uma proposição Neste sentido é válida a tradução, ainda hoje válida de tese por afirmação. Tal sentido já se encontra em Platão… Aristóteles entendeu o termo num sentido mais especial, ao conceber a tese como um princípio imediato do silogismo que serve de base para a demonstração. A tese parece estar no mesmo plano que o axioma. No entanto, a tese não é um princípio evidente e indemonstrável; segundo Aristóteles é “um juízo contrário á opinião corrente dado por um filósofo importante”. Por exemplo, a afirmação ou tese de Heraclito: “tudo flui”. A tese não é indispensável para aprender algo, mas o axioma é-o. De acordo com Aristóteles, toda a tese é um problema, mas nem todo o problema é uma tese, pois há problemas acerca dos quais não possuímos nenhuma opinião em nenhum sentido. As teses podem ser de duas espécies: definições na medida em que aclarações semânticas de um termo, e definições em que posições ou afirmações da existência de uma realidade. Neste último caso chamam-se antes hipóteses. Neste sentido, mas dentro de outra craveira intelectual, usou-se o termo tese no idealismo alemão, especialmente em Kant e Hegel. No artigo Antinomia viu-se a função que a tese exerce na dialéctica transcendental de Kant. Para Hegel a tese representa a afirmação (e posição ) de um conceito (ou de uma entidade) que é negado pela antítese. A negação da antítese ou negação da negação da teselugar à síntese. Este processo é caraterístico da dialéctica, a qual se aplica simultaneamente ao mundo ideal e ao real em virtude da correlação que existe entre ambas as esferas. Suprimida a base idealista, Marx afirma o mesmo processo na sua teoria dialéctica da História e Hegel na sua teoria dialéctica da natureza. Nestas últimas doutrinas, especialmente a de Hegel e diferentemente do que acontecia em Kant, considera-se que a tese é um erro necessário e um momento indispensável no desenvolvimento da verdade completa que reside na totalidade. [DFW]