O originado é constituído pelo ente ou pelas possibilidades intramundanas, em toda a amplitude de seu significado, e são essas possibilidades e esse ente que se revelam como algo desfechado pela iluminação originante do Sugestor. Falamos em Sugestor porque o ente se nos depara como um plexo de sugestões ou desempenhos historiáveis que promanam de um poder sugestivo. A dimensão da origem é o feudo de um saber mais original que o querer-saber do ente originado; na Matriz originante já estão dadas todas as filosofias possíveis de um lapso histórico. As representações filosóficas particulares são, pois, suprimidas, como formas alusivas de uma protoforma, como o ser–outro de um processo metaconscienciológico – o Mito. Nietzsche já advertia o fato de que todas as filosofias possíveis de um ciclo cultural poderiam estar coimplicadas na ideia primária de uma sociedade. O diverso dos enunciados filosóficos confluiriam na unidade de uma representação primária, no mito originante, perdendo a força excludente de seu pensar pretensamente autônomo. O pensamento pensa o pensável. Mas o pensável é um já franqueado por um ditado desocultante. Esse último é um ditado do Sugestor, do Ser, e, como já afirmara Schelling, constitui uma escolha transcendente em relação à consciência escolhida. Não é a consciência que escolhe o seu mundo, mas é a escolha transcendente do Ser que lança a consciência em sua temática histórica. O personagem filosófico, ou o filósofo em si e por si, reconhece a natureza consecutiva de seu querer-saber, a natureza exteriomórfica de seu saber, em relação ao saber originante. A sabedoria conquistada pelo filósofo, o filosofar com sede individual, deve ceder lugar a um pensamento que, estando além de todo o ente, não é mais pensamento humano, mas pensamento do Sugestor. Este último é um pensamento submersivo em relação ao sugerido pelo ente ou como ente, um pensamento transfilosófico. O filósofo, como [132] fonte de um pensar, sucumbe na consciência da não–originalidade de seu pensamento, na consciência de que seu pensar é um dizer anamórfico em face do dizer da matriz. [VFSTM:132-133]