Nome que Empédocles dá ao Um, retomando assim a ideia do Ser esférico de Parmênides. Um todo unido no pleno equilíbrio de suas forças, e não tendo outro ser para nele influir, tomaria a forma esférica perfeita, forma de ser, como unidade absoluta, graças à ação da Amizade. Os quatro elementos eternos de Empédocles não se transformam portanto. É a Amizade que os une, enquanto esta domina, separando-se porém quando passa o ódio a dominar. A esfera para ele é eterna e imutável: “Digo duas coisas: que umas vezes a pluralidade, por crescimento extensional, por desnascimento do um, o múltiplo vem de novo ao ser”. “O um apreendeu o modo de nascer do múltiplo e, por sua vez, pelo desnascimento do Um, surge afinal a multidão” (71-72). Por crescimento extensional a pluralidade chega a ser e a dar uma só coisa (ren), que é por sua vez uma coisa “só” (monon); e inversamente (palin), por desnascimento, por diferenciação do Um, o múltiplo surge de novo (au) ao ser. Portanto o universo quer em estado de unidade, quer em estado de pluralidade é sempre de forma esférica (versos 166-168, 198, 247). A esfera é, para o grego, o símbolo do logos, da razão, da unidade harmônica que é princípio e fim de todas as coisas da perfeição, do Ser Supremo, ontologicamente considerado. Fora dessa esfera (sphairos) não há nada. Ela não tem arredores (perissón); é homogênea, de absoluta estabilidade (versos 166-186).
Não se deve, de forma alguma, considerar os quatro elementos de Empédocles (terra, água, fogo e ar) como “essa” terra, “esse” fogo, etc., mas como expressões simbólicas dos princípios: sólido, líquido, fluídico e aeriforme. [MFSDIC]