(in. Syntheticity).
Validade das proposições que depende dos fatos.
Pelo menos este é o significado que hoje se costuma atribuir ao adjetivo sintético quando se refere a proposições ou enunciados. Kant, a quem se deve a introdução dos termos analítico e sintético, empregou-os para distinguir os juízos explicativos e os juízos extensivos. Os primeiros nada acrescentam, por meio do predicado, ao conceito do sujeito, mas limitam-se a dividir por meio da análise o conceito em seus conceitos parciais, que nele já eram pensados, ainda que confusamente; os segundos, pelo contrário, acrescentam ao conceito do sujeito um predicado que não estava contido nele nem podia ser dele deduzido por análise” (Crítica da Razão Pura, Intr., § IV). Mas, segundo Kant, os juízos sintéticos são não apenas os que se referem a coisas de fato, mas também os da matemática e da física pura, porquanto baseados na intuição a priori do espaço e do tempo e nas categorias, sendo por isso chamados de “juízos sintéticos a priori”. Na filosofia contemporânea, porém, a sinteticidade como caráter das expressões foi entendida no sentido das “proposições de fato” de Hume ou das “verdades de fato” de Leibniz (v. experiência; fato), ou seja, como proposições que se referem a situações ou estados de coisas e que podem ser verdadeiras ou falsas em relação a elas. Carnap diz: “Um enunciado sintético é verdadeiro às vezes — quando existem certos fatos — e às vezes falso; portanto, ele diz algo sobre quais os fatos que existem. Os sintéticos são os enunciados autênticos acerca da realidade” (Logische Syntax der Sprache, § 14). Todavia, os lógicos muitas vezes preferem definir negativamente os enunciados sintéticos, como enunciados que não são analíticos nem contraditórios: é o que fazem, p. ex., Lewis (Analysis of Knowledge and Valuation, 1946, p. 35) e Reichenbach (Theory of Probability, 1949, p. 20). Assim como as proposições analíticas (v. analiticidade) são chamadas de “verdades necessárias” porque sua negação é impossível, também as proposições sintéticas são chamadas frequentemente de contingentes, no sentido de não serem nem necessárias nem impossíveis (cf. Carnap, Meaning and Necessity, § 39). [Abbagnano]