Por “ser espiritual” pode entender-se tanto o espírito subjetivo quanto o objetivo. Sobre o espírito subjetivo ou o espírito enquanto sujeito individual ativo, espírito, alma. O espírito objetivo é constituído por aquele mundo de objetos que o espírito subjetivo não encontra, mas produz em si mesmo. O espírito subjetivo criador não é cada indivíduo por si, mas a comunidade espiritual, o espírito coletivo, p. ex., de uma família, de um povo. Portanto, espírito objetivo é o conjunto e a unidade dos conteúdos criadores de uma comunidade, o conjunto daquele mundo cultural com que se relacionam o pensar e o querer dos indivíduos, ou seja, o mundo da realidade cultural (vide cultura, ciências do espírito); a língua, a moralidade, a arte, a ciência, a religião, etc. Não se devem confundir com este objeto interior ao espírito as realizações materiais exteriores do mesmo. Para se contradistinguirem do espírito subjetivo, elas denominam-se objetivações do espírito ou espírito objetivado. Contudo, entre estas e aquele medeiam estreitas relações, como claramente se vê de maneira especial na arte, para a qual a objeti vação é absolutamente essencial.
O espírito objetivo não é o em-si intemporal das essências possíveis e das relações essenciais, mas possui um ser que tem como pressuposição o ser do espírito subjetivo e de sua atividade psíquica, sem todavia indentificar-se com ele. O espírito objetivo vive no espírito subjetivo, mas obedece á leis próprias, as quais não podem ser reduzidas a meras funções psíquicas, como pretende o psicologismo. Como realidade inserta no tempo possui uma história que não é a do espírito individual, senão a da comunidade espiritual enquanto tal (p. ex., a história da filosofia platônica). Está nos espíritos individuais que dele participam, sem, contudo, se circunscrever a eles. A contribuição trazida por estes para enriquecê-lo ou variá-lo é reduzida, comparada com aquilo que recebem do espírito coletivo. — Enquanto Dilthey só vê no espírito objetivo um precipitado da natureza humana universal, Hegel considera-o um transbordamento do Absoluto. Dilthey esquece-se que a natureza humana deve ulteriormente fundamentar-se, também, como ideia de Deus; e Hegel, que toda realização e concretização de ideias se realiza no âmbito da contingência e da liberdade. — Brugger.