scotismo

O scotismo é a doutrina de João Duns Scotus e a corrente de pensamento da chamada nova escola fransciscana da Idade Média, a qual contou, até aos séculos XVI e XVII eminentes representantes e atualmente experimenta certa vivescência. A crítica perspicaz de Scotus é dirigida contra S. Tomás de Aquino, Aristóteles e os árabes. No essencial, atém-se à tradição do augustinismo franciscano; todavia, abandona a doutrina da iluminação divina no conhecimento. Na questão da validade real de nossos conceitos universais, ensina Scotus, frente ao denominado realismo moderado, uma distinção formal entre natureza universal e indivíduo (formalismo, ultra-realismo). Uma vez que, segundo Scotus, a doutrina tomista da analogia (segundo a qual nossos conceitos extraídos das coisas criadas são aplicáveis a Deus só de maneira analógica, imperfeita) impede que o homem conheça a Deus, defende ele uma certa univocidade lógica do conceito de ser. Ponto básico de sua doutrina é o referente à primazia da vontade sobre a inteligência. Tudo é eflúvio do amor infinito, livre e gracioso de Deus. A vontade divina é a causa única de seu querer, e a sabedoria divina é o fundamento real daquela vontade que, por isso, está ligada às leis metafísicas. A essência da humana felicidade reside, não no conhecimento, mas na vontade. O princípio de individuação não é constituído pela matéria, senão por uma última diferença da forma (a haecceitas scotista). A alma é forma essencial do corpo, mas não sua única forma. O âmbito do saber demonstrável é circunscrito. Assim, p. ex., a existência de Deus pode ser demonstrada filosoficamente de maneira rigorosa, mas não sucede outro tanto, p. ex., com a sua onipresença e onipotência. — Schuster. (Brugger)