Como no Cármides ou no Lisis, o diálogo direto se encontra aqui substituído pela narração. A conversa tem por quadro a casa de um mestre que ensina a ler e escrever a adolescentes. Dois destes adolescentes discutem astronomia. Sócrates interroga sobre o objeto da discussão um jovem homem que se passa por ser o amante de um dos dois adolescentes; este jovem homem, para quem só contam os exercícios físicos e que tem desprezo pela filosofia, é o rival amoroso de um outro jovem homem que está interessado somente na cultura. Encontra-se aqui um confronto entre os dois grandes domínios do ensinamento tradicional nas Atenas de Platão: o exercício físico (gymnastike) e a cultura (mousike). Sócrates engaja então numa discussão sobre o que é a filosofia. A filosofia não é nada senão, segundo o jovem cheio de cultura, que a aquisição de saberes sempre novos. Sócrates não tem dificuldade de conduzi-lo a se contradizer, e lhe mostrar que a meta da filosofia é de se conhecer a si mesmo. O diálogos termina com a vitória daquele que se dedica aos exercícios físicos, uma vitória inesperada e surpreendente no contexto platônico, onde a alma sempre tem a preeminência sobre o corpo, mas compreensível do momento que a filosofia é assimilada à cultura geral. O autor dos Rivais, provavelmente não Platão, certamente leu o Carmides. Ainda assim não se pode situar o diálogo no tempo. No entanto nota-se que a crítica da filosofia entendida como cultura geral ataca posições defendidas no tempo de Platão, notadamente por Isócrates. [Brisson]
Rivais 132a-135a — A filosofia não consiste em saber muito
Rivais 135a-137a — A filosofia não consiste em uma competência
Rivais 137a-139a — O que é a filosofia