respeito

(gr. aidos; lat. respectus; in. Respect; fr. Respect; al. Achtung; it. Rispettó).

Reconhecimento da dignidade própria ou alheia e comportamento inspirado nesse reconhecimento. Demócrito foi o primeiro a transformar o respeito em princípio da ética: “Não deves ter para com os outros homens mais respeito que para contigo mesmo, nem agir mal quando ninguém o saiba mais do que quando todos o saibam; deves ter para contigo mesmo o máximo respeito e impor à tua alma a seguinte lei: não fazer o que não deve ser feito” (Fr. 264, Diels). No discurso com que Protágoras, no diálogo homônimo de Platão, expõe a origem da sociedade humana, diz-se que “temendo que nossa estirpe se extinguisse, Zeus ordenou que Hermes trouxesse o respeito recíproco e a justiça para o meio dos homens, a fim de que esses fossem princípios ordenadores das cidades, criando entre os cidadãos vínculos de benevolência” (Prot., 322 e). O respeito recíproco e a justiça são, assim entendidos, os dois ingredientes fundamentais da “arte política”, que é a técnica de vida em comunidade.

Aristóteles, porém, incluiu o respeito entre as emoções, excluindo-o das virtudes (Et. Nic, II, 7, 1108 a 32), e o opôs ao temor (Ibid., 10, 9, 1179 b 11). Kant também o reduziu à esfera das emoções, considerando-o, porém, como um sentimento sui generis, aliás como o único sentimento moral e não patológico. O sentimento de respeito “é produzido apenas pela razão. Não serve ao juízo das ações nem como fundamento da lei moral objetiva, mas simplesmente como móbil para transformar essa lei em máxima”. O respeito sempre se refere às pessoas, nunca às coisas; é próprio do ser racional finito porque supõe a ação negativa da razão sobre a sensibilidade, portanto a própria sensibilidade. Por isso, “não se pode atribuir respeito à lei a um ser supremo ou a um ser isento de sensibilidade, para quem, portanto, esta não pode ser obstáculo à razão prática” (Crít. respeito Pratica, 1,1, cap. III). Mesmo fora da filosofia, a noção de respeito foi fortemente influenciada por essas observações de Kant. Por respeito entende-se comumente o empenho em reconhecer nos outros homens, ou em si mesmo, uma dignidade que se tem o dever de salvaguardar. [Abbagnano]

A atitude que consiste em não atingir-se o outro fisicamente, pela violência, nem moralmente, pelo julgamento. — O respeito define, segundo Kant, a norma de qualquer relação entre os homens, bem mais que a “simpatia”; só ele pode ser a base da “benevolência” objetiva que nos permite compreender o outro sem julgá-lo. Além disso, o respeito é um dever moral, a única atitude natural do homem ante um valor e, em particular, ante qualquer ser humano. A experiência viva do respeito humano seria aquela em que o indivíduo apreende o olhar de um homem: quando o tirano apreende o olhar do escravo, compreende a impossibilidade de exercer violência sobre ele e o dever de “respeitá-lo”. — Após Kant, as análises do respeito foram desenvolvidas por Martin Buber e Emmanuel Levinas. [Larousse]