REPÚBLICA (A), diálogo de Platão compreendendo doze livros em que se acha exposta sua filosofia política. Sua originalidade é conceber a estrutura da nação e o equilíbrio social à imagem do equilíbrio individual. O indivíduo compõe-se de três elementos: os desejos físicos, o coração, ou a esfera dos sentimentos, e a atividade intelectual; a sabedoria resulta de um equilíbrio entre essas três funções. Da mesma maneira, uma sociedade encontra equilíbrio quando o comércio (a economia a serviço dos desejos), o exército (elemento sentimental da nação) e a direção política (análoga à faculdade racional) acham-se harmoniosamente hierarquizadas: uma sociedade unicamente econômica pode morrer por falta de ideal, por uma superprodução natural, ou ainda por falta de exército (sociedade de mercadores); inversamente, muito exército leva a uma ditadura militar e mata a república; assim, é preciso um poder político autônomo. A república se define pela necessidade e a separação, em sumo, o equilíbrio daquelas três funções. Essa exposição ideal acha-se completada, no que concerne à sua aplicação, pelo diálogo As leis. (V. alegoria da caverna, Eros [mito de].) (Larousse)