O clássico conflito entre as exigências da omnipotência divina e do livre arbítrio humano teve entre outras soluções, uma que exerceu grande influência: trata-se da doutrina da premoção física, elaborada pelo tomismo em estreita relação com a sua teoria causal. Segundo ela, Deus promove intrinsecamente e fisicamente as causas segundas para a ação em que por isso se suprima o livre arbítrio destas causas. Por outras palavras, as causas segundas dependem da causalidade da primeira causa em toda a sua operação.. Considera-se necessário o chamado influxo físico prévio de Deus, e o vocábulo premoção expressa a condição desse influxo. A premoção física não admite, portanto, a teoria do influxo extrínseco e do concurso simultâneo e, por conseguinte, opõe-se à solução segundo a qual as causas primeiras e as causas segundas são causas parciais. Também se opõe à solução ocasionalista, que acentua demasiado a ação da causa primeira, inclusive em detrimento (e supressão em princípio) das causas segundas. Tentaram resolver-se as dificuldades a que deu lugar a teoria da premoção física, dificuldades que afetam especialmente a liberdade das causas segundas, por meio de uma série de distinções. [Ferrater]