(in. Predicate; fr. Prédicat; al. Prädikat; it. Predicató).
Na lógica aristotélica, a proposição consiste em afirmar (ou negar) algo de alguma coisa: portanto, divide-se em dois termos essenciais, o sujeito, aquilo de que se afirma (ou se nega) alguma coisa, e o predicado (pategoroumenon), que é justamente o que se afirma (ou nega) do sujeito: assim em “Sócrates é branco”, “Sócrates” é o sujeito; “branco”, o predicado. O predicado pode ser essencial, próprio, ou simplesmente acidental. Através de Boécio, essa doutrina passou à Lógica medieval (cf. Pedro Hispano, 1.07: “Subiectum est de quo aliquid dicitur; praedicatum est quod de altero dicitur”) e, dela, a toda a Lógica ocidental. Na lógica contemporânea, com a crise da concepção predicativa da proposição (segundo a qual a proposição consiste na atribuição de um predicado a um sujeito), o termo “predicado” passou a ter uso oscilante. Russell (Princ. math., I2, pp. 51 ss.) dá o nome de “predicado” às funções proposicionais de primeira ordem, que contêm somente variáveis individuais (substituíveis apenas por nomes próprios, que denotam indivíduos). Hilbert e Ackermann (Grundzüge der theoretischen Logik), retornando de alguma maneira ao uso clássico, entendem propriamente por “predicado” o functor de uma proposição funcional qualquer com uma ou mais variáveis. Analogamente, mas com maior precisão, Carnap (cf. p. ex., Einfuhrung in die Symbolische Logik, 1954, pp. 4 ss.) usa “predicado” para indicar o símbolo de propriedades ou relação atribuídas a indivíduos. [Abbagnano]
Na lógica tradicional, define-se o predicado como o termo a cópula aplica ao sujeito. O predicado constitui, juntamente com o sujeito, a matéria da proposição. Também se define o predicado como aquilo que se enuncia do sujeito. Os autores de inspiração fenomenológica distinguiram entre predicado e atributo. Este é concebido como um modo de ser objetivo, portanto, a noção de atributo é ontológica, enquanto a de predicado é lógica.
A lógica tradicional considerou diversos tipos de predicação, de acordo com a extensão e a compreensão do predicado. no que se refere à extensão, o predicado pode tomar-se particularmente (nas proposições afirmativas) e universalmente (nas proposições negativas). Quanto à compreensão, o predicado pode tomar-se totalmente (nas proposições afirmativas) e parcialmente (nas proposições negativas). A lógica atual formulou um a doutrina mais precisa sobre o predicado; segundo os autores desta inspiração, o predicado é um dos dois elementos em que pode decompor-se o enunciado. O chamado é da predicação está implícito e isso permite distingui-lo de outras formas de é. A relação entre o lógico e o ontológico no predicado foi tratada na lógica atual quando se discutiu o problema da designação, que põe as questões outrora conhecidas pelo nome de teoria dos universais. [Ferrater]