(gr. kathauto; lat. per se; in. By itself; fr. Par soi; al. Für sich).
O que existe em virtude da sua substância e não por outra coisa; o que existe na consciência e pela consciência. Estes são os dois significados fundamentais do termo, que remontam respectivamente a Aristóteles e a Hegel.
Aristóteles (Met., V, 18, 1022 a 24 ss.) enumerava cinco significados deste termo:
1) Diz-se que uma coisa é por si o que ela é em virtude de sua essência necessária ou substância. P. ex., Cálias é por si o que ele é substancialmente, isto é, homem;
2) Diz-se que uma coisa é por si o que ela é em virtude de uma parte de sua essência necessária, de uma parte de sua definição (já que a definição expressa a essência necessária). Neste sentido, diz-se que Cálias é por si animal, porque “animal” faz parte da definição de Cálias;
3) Em terceiro lugar, diz-se que uma coisa é por si o que ela é em virtude de uma de suas qualidades ou determinações primárias. Neste sentido, diz-se que o homem é vivo por si, porquanto a vida é uma de suas determinações primárias (sendo parte da alma, que é substância do homem);
4) Diz-se por si o que não tem, ou do qual não se considera, uma coisa externa. Neste sentido, o homem é por si enquanto homem, ou seja, porque sua causa é sua própria substância, e não porque ele é animal, bípede, etc;
5) Diz-se que é por si a coisa que é o que a ela pertence propriamente ou que pertence somente a ela. Neste sentido, pode-se dizer que a alma pensa por si.
Estes cinco significados na realidade são todos integráveis no primeiro, segundo o qual se diz que é por si a coisa que existe em virtude de sua substância. Com efeito, o (2) significado refere-se às partes da substância; o (3) significado refere-se às qualidades ou determinações que derivam da substância; o (4) e o (5) significados referem-se à causalidade própria da substância. O significado fundamental ou genérico, segundo o qual é por si o que é em virtude da sua substância, é o mais frequente na história da filosofia. Este é, p. ex., o significado da expressão atribuída a Tomás de Aquino ou a Duns Scot. Tomás de Aquino afirma que “Deus é o próprio ser subsistente por si” (S. Th., I, q. 44, a. 1), visto que o ser pertence à essência ou substância de Deus Ubid., I, q. 3, a. 4), e que a alma não pode corromper-se porque é “forma subsistente por si” (Ibid., I, q. 75, a. 6). Duns Scot reserva o ser por si à forma total e perfeita que compreende todas as partes, mas que não é parte (Quodl., q. 9, n. 17). Ambos os filósofos designam, portanto, como por si o ser substancial, apesar de Duns Scot restringir o significado mais que Tomás de Aquino. [Abbagnano]