pôr

(gr. tithenai; lat. ponere; in. Posit; fr. Poser; al. Setzen; it. Porre).

Este verbo foi usado na linguagem filosófica com dois diferentes significados: 1) asseverar ou assumir como hipótese; 2) pôr como ser, produzir.

1) O primeiro significado já era empregado por Platão e Aristóteles: o primeiro no sentido de estabelecer uma hipótese (Teet., 191 c), o segundo no sentido de estabelecer uma premissa (An. pr., I, 1, 24 b 19) ou de admitir uma tese (Top., II, 7, 113 a 28). Correspondentemente, a palavra posição vale genericamente como asserção, e Kant afirma que a existência pode ser posta, ou seja, asseverada ou reconhecida, mas não deduzida (Dereinzig mögliche Beweisgrund zu einer Demonstration des Daseins Gottes, I, § 2).

2) Este verbo foi usado por Fichte no sentido de pôr como ser, produzir ou criar: “O ser cuja essência consiste puramente em pôr-se como existente é o Eu, como sujeito absoluto. E porque se põe, é; e porque é, põe-se. O Eu, portanto, é absoluta e necessariamente para o Eu” (Wissenschaftslehre, 1794, § 1). Este uso é mantido por toda a tradição do idealismo romântico e, em geral, por toda filosofia que identifique razão com realidade, portanto ato lógico de pôr com ato real de produzir. [Abbagnano]