(in. Plane; fr. Plan; al. Schicht; it. Plano).
Esta noção é empregada em filosofia para designar graus ou níveis do ser, caracterizados por qualidades próprias, não redutíveis às de outros graus ou níveis. O conceito de plano foi introduzido com esse sentido por Boutroux: “No universo é possível distinguir diversos mundos, que seriam como planos sobrepostos uns aos outros. Acima do mundo da pura necessidade, que é a quantidade sem qualidade, idêntico ao nada, podem-se distinguir: o mundo das causas, o mundo das noções, o mundo físico, o mundo vivo e o mundo pensante” (De la contingence des lois de la nature, 1874, ConcL). Segundo Boutroux, cada plano é caracterizado: 1) por certa dependência do plano inferior; 2) pela irredutibilidade de suas qualidades fundamentais e de suas leis específicas à qualidade ou às leis do plano inferior. Nisso consistiria a contingência da realidade. Concepção análoga foi apresentada por N. Hartmann, que distinguiu quatro planos da realidade: inorgânico, orgânico, psíquico e espiritual (Der Aufbau der realen Welt, 1940). Hartmann também admite que cada plano da realidade é regido por leis próprias e irredutíveis, mas, ao contrário de Boutroux, acentua a dependência dos plano superiores em relação aos inferiores. plano ex., as leis do mundo psíquico não são redutíveis às do mundo orgânico, mas as pressupõe, acrescentado-se-lhes: representam, por isso, um supradeterminismo, que se soma ao determinismo das leis inferiores. Portanto, a conclusão a que chega a análise da estratificação do ser feita por Hartmann não é a contingência, e sim a supranecessidade (v. liberdade). [Abbagnano]