phantasma

gr. φάντασμα (phantasma)

A nossa vida corresponde a uma posição meramente passiva, permitindo apenas, à partida, um acolhimento dos fantasmas das coisas, um acesso de «terceira geração» à natureza essencial (φύσις [physis]) de cada uma delas e de todas elas no seu todo. É verdade que essas aparições de alguma forma nos fazem lembrar a própria natureza delas, mas nós corremos o perigo de substituirmos cada coisa na sua autenticidade pelo modo inautêntico como ela nos surge, sem de fato a vermos face a face [Quer dizer, nós confundimos aquilo que nos surge das coisas com a sua própria natureza (República, 597a7). «Uma cama, por exemplo, se alguém a vê de lado ou de frente ou de qualquer outro modo, não será que ela mesma difere de si ou não difere em nada, mas parece sempre outra e assim também a respeito das restantes coisas?»]. Deste modo, a nossa vida assenta sobre uma perspectiva idêntica à dos pintores, uma vez que de cada coisa só temos o seu aspecto exterior. Uma coisa é sempre reproduzida [A γραφική [graphike] procede do mesmo modo para todas as coisas. Ela não vai imitar com relação ao ser, tal como ele é, mas relativamente ao φαινόμενον [phainomenon], como φαίνεται [phainetai] (Rep., 598b1). Ela é uma imitação de um φάντασμα e não da ἀλήθεια [aletheia]. A técnica de desenho retrata o que nós mesmos vemos. Ela tem em vista uma apresentação não da verdade de um determinado objecto, mas antes da aparição: do phantasma, daquilo que surge ao olhar sem ser o seu próprio ser. Ela mesma não é uma imitação, uma apresentação da verdade, mas antes da aparição, daquilo que nos surge ao olhar.] e nunca dada a ver na sua verdadeira [62] natureza, permanecendo a aparição [φάντασμα ou εἴδωλον (eidolon)] e a verdade (ἀλήθεια) de cada coisa [Nós podíamos estar numa perspectiva de tal forma imbecil e não conseguiríamos produzir a «síntese» entre o fantasma e aquilo que ele de alguma forma reproduz.] numa indistinção fundamental. [CaeiroArete:62-63]