(gr. ennoia, prolepsis; lat. notio; in. Notion; fr. Notion; al. Notion; it. Nozioné).
Dois significados fundamentais: um muito geral, em que noção é qualquer ato de operação cognitiva, e outro específico, em que é uma classe especial de atos ou operações cognitivas. Para Cícero, que introduziu esse termo, ele corresponde a ennoia, que tem significado muito geral, e a prolepsis, que é a antecipação, uma espécie particular e privilegiada de conhecimento (Top., 7, 31). Na Idade Média, João de Salisbury empregou esse termo no sentido geral, referindo-se precisamente ao grego ennoia (Metal., II, 20, ‘); em sentido geral também era empregado por Jungius, que entendia a noção como “a primeira operação de nosso intelecto, pela qual exprimimos uma coisa com uma imagem” (Log. hamburgensis, 1638, Prol., 3). Locke, ao contrário, pretendia restringir esse termo às ideias complexas “que parecem ter origem e existência constante mais no pensamento dos homens que na realidade das coisas” (Ensaio, II, 22, 2), enquanto Leibniz observava que “muitos aplicam a palavra noção a qual quer espécie de ideias ou concepções, tanto às originais quanto às derivadas” (Nouv. ess., II, 22, 2). Berkeley, por sua vez, restringia esse termo ao conhecimento que o espírito tem de si mesmo e da relação entre as ideias: conhecimento que, por sua vez, não é uma ideia (Princ. of Human Knowledge, I, §§ 27, 89, 140, etc.; cf. a nota ao § 27 da edição dos Principles, em Works, ed. T. E. Jessop, II, p. 53). Kant também atribuía significado restrito a esse termo, entendendo por noção “o conceito puro, porquanto tem origem unicamente no intelecto”, reservando o termo “representação” para o significado geral de noção (Crít. R. Pura, Dial. transc., I, seção 1). Wolff, inversamente, afirmara: “A representação das coisas na mente é noção, por outros chamada de ideia” (Log., § 34).
Nenhum dos significados específicos propostos para esse termo teve grande aceitação; hoje resta quase exclusivamente o significado genérico de operação, ato ou elemento cognitivo em geral. [Abbagnano]
O conceito é uma noção, quer dizer aquilo que é conhecido (gnosis), ou aquilo por qual a inteligência conhece. O princípio do adaequatio, da adequação do objeto à inteligência é determinante na formação deste conhecido, da noção. [Chenique]