natureza social

A sociedade humana tem uma origem divina. Fundamenta-se nos seguintes postulados:

a) Todas as sociedades humanas, por mais simples que sejam, revelam um certo grau de perfeição nas relações sociais. É uma constante, independentemente do tempo, dos povos e das raças a vida em sociedade. Ela só pode provir da natureza humana.

b) Examinada a natureza humana, nela encontramos um instinto ou propensão inatos à vida social. O homem é como os animais.

c) A linguagem está relacionada à razão. Assim como a sensibilidade seria inútil se não tivesse o animal a possibilidade de mover-se para afastar-se do que lhe é nocivo e prejudicial, também a razão lhe seria inútil se não pudesse comunicar aos outros o que sente, o que pensa por meio da linguagem.

d) Os animais, segundo Tomás de Aquino, estão providos de meios naturais de defesa. O homem não. É a razão que o auxilia a solucionar as suas deficiências, pois necessita de outros para desenvolver-se normalmente. Ademais não possui instintos tão seguros como os animais. Ele necessita de seus semelhantes, da ajuda mútua para conseguir os meios que lhe tornem a vida mais segura.

e) Sem o auxílio da revelação, não poderia ele resolver seus problemas e, sem ela, não alcançaria as formas mais complexas da vida e da organização social. Consequentemente, o fundador da vida social é a natureza humana e esta depende de Deus.

Por essa concepção, sobretudo a dos escolásticos modernos, a sociedade humana é uma forma evolutiva da sociedade familiar. Partindo do instinto de procriar, a primeira sociedade é formada pelo par e, daí, a família. Seria essa a origem histórica e natural, e a natural-histórica seria dada pelo consentimento tácito das diversas famílias ao formarem os grupos sociais mais complexos.

A doutrina sociológica da Igreja parte do princípio postulativo primordial da existência de Deus como ordenador das coisas cósmicas. A sociedade humana surge, portanto, da providência divina; isto é, o Ser Supremo providenciou a formação da sociedade dispondo os fatores imprescindíveis para que tal se desse. Não é ela um acontecimento fortuito, obra do acaso, mas de algo já planejado, que já encontra seus fatores dispostos na ordem natural das coisas. Não é um estágio de evolução da matéria, não é um degrau da transformação da força mecânica física que, ao passar para a fase biológica, alcançaria a fase social no homem.

O homem é uma criatura, um ser criado, que não consta apenas de um corpo, mas de um espírito. Sua perfeição não é uma perfeição animal, perfeição da besta, mas da atuação do espírito. Este tem duas faculdades: a inteligência e a vontade livre. A primeira tende para a vontade, a segunda para o bem. Se o homem escolhe o mal, é porque se desvia de sua genuína natureza. Por isso a liberdade humana deve tender para o exercício da lei moral. Opõe-se, assim, às diversas doutrinas que tornam o homem uma categoria animal, que se perfectibilizou e a quem negam o livre-arbítrio. Por ter uma alma, o destino do homem é ultra-terreno, pois essa alma não perece com o corpo. Apesar de ter conhecido uma queda, ele pode erguer-se pela restauração em Cristo à ordem sobrenatural. [MFSDIC]