(in. Non-Ego; fr. Non moi; al. Nicht ich; it. Non iò).
Por este termo Fichte indicava o mundo da natureza e em geral o mundo objetivo, na medida em que é posto pelo Eu mas oposto ao próprio Eu. “Nada há que seja posto originariamente, exceto o Eu; e só ele é posto absolutamente. Por isso, só se pode ter oposição absoluta pondo-se algo de oposto ao Eu. Mas o oposto ao Eu é = Não–Eu” (Wissenschaftslehre, 1794, § 2. 9). [Abbagnano]
O conjunto dos objetos distintos do sujeito. — O não–eu designa principalmente, na filosofia de Fichte (que emprega sistematicamente o termo), um dos componentes da percepção do mundo: é o fato do dado, o “choque” do real através do qual distinguimos uma representação de uma simples imagem do espírito. Fichte mostra que esse não–eu é o produto de uma atividade, inconsciente do eu: a atividade prática e real do homem no mundo. O sentimento do real, o espetáculo do mundo (o “não–eu”) são os sinais de nossa destinação moral e da atividade infinitamente criadora do sujeito (ação e trabalho no munda). Não se deve absolutamente confundir o “não–eu” e o “outro”: o não–eu opõe-se ao eu, enquanto que o outro está com o eu para olhar o mundo. O encontro com o outro é uma relação de comunicação, ao nível do discurso, enquanto que a relação com o mundo (o “não–eu”) é uma relação de luta, cuja mais clara ilustração é o trabalho manual. [Larousse]