moral racional

Para a concepção da moral racional é a razão que estabelece os juízos de valor; e a ação, quando não é estabelecida pela razão, é irracional.

Os estoicos gregos postulavam que é racional viver segundo a natureza, mas como o homem é um ser racional deve viver de acordo com a razão. A conformidade da vida com a razão é que constitui a virtude. Vício é faltar a essa conformidade. A paixão é o principal obstáculo da virtude, e como esta é o principal bem do homem, deve este libertar-se da paixão que lhe impede alcançar a impassibilidade (apatheia).

Para Kant a razão tem duas funções: a teórica e a prática. A primeira, partindo da experiência, tende a alcançar o que está acima da experiência. A segunda tende a alcançar o dever-ser, o que leva a dois imperativos: os hipotéticos e os categóricos. O imperativo categórico funda-se numa ordem incondicional. Os hipotéticos são condicionais, enquanto os categóricos são incondicionais. É a intenção que dá a forma ao ato moral que, de per si, é a matéria. A moralidade está na forma apenas. A moral está, portanto, no sujeito e não no objeto. As normas principais da moral kantiana são as seguintes:

1) Age sempre de maneira que possas querer que a máxima de tua ação se torne uma lei geral.

2) Atua sempre de tal maneira que trates a humanidade em tua pessoa e na pessoa alheia como um fim e não somente como um meio.

3) Atua sempre como se fosses legislador, ao mesmo tempo que súdito na república de homens livres e racionais.

Parte a moral kantiana dos seguintes postulados:

a) que o homem é livre. Se devo é porque posso, e só há moral onde há autonomia e, se devo agir moralmente, é porque sou autônomo e senhor de mim mesmo.

b) a alma é imortal. Nesta vida é impossível, dada a deficiência humana, alcançar a perfeição da ação. Nossas tendências sensíveis obstaculizam a nossa ação. Esta a razão porque deve haver uma outra vida, na qual o ser racional alcance progressivamente a perfeição.

c) há um Deus. A moralidade consiste no atuar em função de um dever e com total desinteresse. Tal não se verifica no atuar do homem. Há portanto fora da natureza um ser que restabelecerá a ordem, para a qual a natureza se mostra indiferente. [MFSDIC]