mistério

(gr. μυστήριον, mysterion; lat. mysterium; in. Mystery; fr. Mystère, al. Mysterium; it. Misteró).

No sentido em que a palavra começou a ser usada pelos escritores herméticos da Antiguidade (p. ex., Corpus hermeticum, I, 16), significa uma verdade revelada por Deus, que deve permanecer secreta. No Cristianismo, essa palavra passou a indicar algo incompreensível ou cujo significado é obscuro ou oculto. Nesse sentido, Jacob Boehme designava Deus como Mysterium magnum (título de uma de suas obras de 1623). A palavra é usada pelos modernos:

1) no sentido de verdade de indemonstrável, portanto em certo sentido incompreensível: p. ex., “os mistério da Trindade e da Encarnação”;

2) no sentido de problema considerado insolúvel ou cuja solução se atribui ao domínio religioso ou místico: p. ex., “o mistério do ser”; ainda hoje não faltam filósofos que, como Spencer (First Princ, § 14), acham que o mistério é o domínio da religião;

3) no sentido de qualquer problema cuja solução seja difícil ou não imediata; neste sentido, um problema policial também é um mistério. [Abbagnano]


(mysterion, do gr. do verbo myô, fechar os lábios, aquilo do qual não se fala).

tudo o que é inaccessível à razão humana. — Gabriel Marcel estabeleceu uma distinção sugestiva entre o “problema”, que designa uma incompreensibilidade objetiva, e o “mistério”, cuja incompreensibilidade possui um caráter “englobante”, indefinível. Determina-se um problema, pressente-se um mistério. A oposição estabelece a diferença entre o “inexplicado” e o “inexplicável”. [Larousse]


a) O que é inexplicado, mas que nos deixa perplexo e incita à investigação ou à fuga. Há no mistério sempre um matiz de emotividade, do contrário seria sinônimo de desconhecido, inexplicável, o que não é.

b) Na linguagem popular indica tudo o que é ocultado, e que só é conhecido de um ou poucos que guardam segredo.

c) Nas religiões antigas era o conjunto das práticas, dos ritos e das doutrinas secretas, que se davam à parte do culto popular e legal, reservado aos iniciados.

d) Tudo quanto está oculto por um símbolo que o aponta, mas que também o encobre; aponta-o aos iniciados, e esconde-o aos profanos.

e) Também se emprega para significar tudo quanto é de difícil solução.

f) O que está além da mente humana, do conhecimento humano. Os sete mistérios, os sete véus de Isis, os sete arcanos, as sete fundamentais aporias da filosofia, etc. Vide Aporia. [MFSDIC]