Pode ser definido como um processo cognitivo pelo qual nos esforçamos por compreender um fenômeno pela confrontação de situações diferentes em que ele aparece.
A comparação está no princípio de todo o conhecimento: é de facto por comparação que o homem adquire os pontos de referência indispensáveis à compreensão do mundo que o rodeia. A comparação é a fortiori a postura universal de todo o conhecimento científico. A este respeito, a distinção de Durkheim entre a experimentação, processo habitual das ciências exatas, e a comparação, substituto da experimentação nas ciências sociais, não é de facto muito pertinente. O químico e o físico procedem também eles a comparações entre as várias experiências que efetuaram. A única diferença é que o físico pode provocar os fenômenos que compara, ao passo que o sociólogo apenas pode comparar fenômenos que se produzem independentemente da sua vontade.
A sociologia só pode ser comparativa e metódica. O método comparativo em sociologia confunde-se, portanto, com o método sociológico. A abordagem comparativa em sociologia pode tomar formas diferentes. A primeira atitude consiste, pela comparação de situações concretas, em analisar as diferenças, em procurar os elementos constantes, em estabelecer os tipos. Estas comparações podem ser internacionais, intranacionais ou históricas. Por exemplo, procurando analisar o efeito da religião sobre o comportamento eleitoral, poder-se-á comparar o voto em diferentes países católicos; poder-se-á igualmente, num mesmo país, comparar o nível respectivo de prática religiosa e o comportamento eleitoral dos homens e das mulheres, dos operários e dos quadros, dos Normandos e dos habitantes de Auvergne; poder-se-á finalmente comparar o estado do fenômeno no início da III República e nos nossos dias. Todas estas tentativas, que se aparentam à análise causal, podem ser qualificadas de experimentações indiretas.
Este tipo de abordagem choca com duas dificuldades principais. Em primeiro lugar, o risco de socio-centrismo, isto é, a projeção pelo comparatista da lógica própria da sua cultura nacional e do sistema de valores do seu grupo social, e a utilização de categorias analíticas (por exemplo, os conceitos de modernização, de desenvolvimento) ou de instrumentos de medida (por exemplo, o produto nacional bruto), que não são necessariamente pertinentes para avaliar a situação de outras sociedades. A segunda dificuldade, inerente a toda a análise de tipo causal, diz respeito ao alcance da experimentação indireta como processo de validação. Se, avançando a hipótese de uma relação entre a urbanização e a criminalidade, o investigador observa, num certo número de casos concretos, a presença simultânea dos dois fenômenos, será, sem dúvida, levado a estabelecer entre eles uma relação de causa e efeito, a considerar essa relação como uma explicação da criminalidade e a enunciar a observação dessas semelhanças sob a forma de uma lei. No entanto, uma tal relação só pode ser tida por verdadeira se várias condições estiverem reunidas. A presença de invariantes não pode ser considerada como uma prova suficiente das propostas avançadas.
O método comparativo não se limita entretanto, à experimentação indireta. Para compreender a realidade observada, podemos confrontá-la com um modelo teórico, obtido por extensão de alguns traços essenciais: o ideal–tipo weberiano corresponde a este tipo de aproximação. Pode igualmente, a partir de uma função que representa um sistema dado de relações, comparar-se os estados sucessivos do sistema, fazendo variar hipoteticamente o valor das variáveis ou a forma funcional, o que permite explorar o comportamento do sistema sob condições diferentes das condições observadas. Qualificar-se-á este modo de proceder como quase experimentação. [DS]