(in. Metalanguage; fr. Métalanguage; it. Metalinguaggió).
Quando D. Hilbert introduziu a concepção de matemática como sistema meramente sintático-dedutivo (sistema arbitrário de símbolos no qual, dados certos axiomas fundamentais e certas regras operacionais, procede-se por meios meramente simbólicos, ou seja, operando com as fórmulas que constituem os axiomas e segundo as regras operacionais dadas, à inferência das “consequências”, independentemente dos possíveis ou eventuais significados extra-simbólicos, intuitivos ou outros desses mesmos símbolos), colocou-se o problema de verificar a não-contradição dos sistemas de axiomas das disciplinas matemáticas assim formalizadas, bem como de verificar a correção das inferências (deduções). Visto que, segundo conhecido teorema (de Gödel), não se pode provar a não-contradição de um sistema matemático formalizado dentro desse mesmo sistema, D. Hilbert e sua escola recorreram à criação de sistemas particulares para a verificação dos sistemas simbólicos (ou seja, de cada disciplina da matemática: álgebra, geometria, etc). Tais sistemas de verificação foram denominados metamatemáticos. Por analogia, ou melhor, por extensão do termo, os lógicos poloneses e Camap chamaram de metalinguagem qualquer sistema linguístico (p. ex., a linguagem da Lógica, da gramática, etc.) que não conduza a denotata extralinguísticos, mas que, semanticamente, conduza a símbolos e fatos linguísticos, e de metalinguística qualquer expressão não que fale de coisas (reais ou ideais), mas de palavras ou discursos (p. ex.: “’Mário’ é um nome próprio de pessoa, masculino e singular”; “’aceleração’ é um termo da Física”). A distinção entre linguagem e metalinguagem assume grande importância na análise filosófica neopositivista, sendo um dos fundamentos da crítica à metafísica especulativa, na qual expressões metalinguísticas são sistematicamente confundidas com expressões linguísticas (v. linguagem–objeto). [Abbagnano]
No artigo sobre a noção de menção, Referimo-nos à distinção entre a menção e o uso dos signos. Esta distinção tem como base a teoria da hierarquia das linguagens, forjada para evitar os paradoxos semânticos. Segundo esta teoria, é necessário distinguir entre uma linguagem dada e uma linguagem desta linguagem. A linguagem dada chama-se usualmente objeto–linguagem. A linguagem do objeto da linguagem chama-se metalinguagem. A metalinguagem é a linguagem na qual se fala de um objeto–linguagem. O objeto–linguagem é a linguagem acerca da qual a metalinguagem fala. O objeto–linguagem é inferior à metalinguagem. Ora, inferior não designa um valor, mas simplesmente a posição de uma linguagem no universo do discurso. Por isso a expressão “objeto–linguagem” tem sentido só em relação com a expressão metalinguagem e a expressão metalinguagem tem sentido só em relação com a expressão objeto–linguagem. No exemplo que se segue: “os corpos atraem-se na razão direta das suas massas e na razão inversa do quadrado das distâncias.” é verdadeiro; “os corpos atraem-se na razão direta das suas massas e na razão inversa do quadrado das distâncias” é uma expressão que pertence ao objeto–linguagem da física, e “é verdadeiro” é uma expressão que pertence à metalinguagem do objeto–linguagem da física. A teoria da hierarquia das linguagens foi proposta por B. Russell, em 1922, na sua INTRODUÇÃO AO TRACTATUS DE WITTGENSTEIN. Este autor tinha dito “que o que pode ser mostrado não pode ser dito” devido a que “o que se reflete na linguagem não pode ser representado pela linguagem” e a que “não podemos expressar por meio da linguagem o que se expressa na linguagem”. Para evitar estas dificuldades suscitadas por esta doutrina, que equivale a defender que a sintaxe não pode ser enunciada, mas unicamente mostrada, Russell propôs que “cada linguagem tem uma estrutura relativamente à qual nada pode enunciar-se na linguagem”, mas pode haver outra linguagem que trate da estrutura da primeira linguagem e tenha ela própria uma nova estrutura, não havendo talvez limites para esta hierarquia de linguagens. [Ferrater]
A metalinguagem é a linguagem que suponho sabida por todos, e dentro da qual me situo, para analisar um processo. Esta análise objetifica uma certa região da linguagem — a linguagem–objeto. No exemplo corrente, se ensino francês a uma turma de brasileiros, o francês é a linguagem–objeto, e o português a metalinguagem. No modelo matemático do processo de comunicação, a metalinguagem é a linguagem do observador, enquanto que a linguagem que descreve o modelo é a linguagem–objeto. Sinônimos para metalinguagem são (em lógica matemática) linguagem sintática e epilinguagem. (Francisco Doria – DCC)
No estudo das linguagens, é indispensável introduzir a distinção entre linguagem e metalinguagem. Dada uma língua L, serão chamadas metalinguagens de L, aquelas linguagens em cujo quadro é possível estudar as propriedades da linguagem L. [Ladrière]