meio

(gr. mesotes; lat. Medietas; in. Mean; fr. Milieu; al. Mittel; it. Medieta).

Justo meio, meio-termo, entre os extremos, que, segundo Aristóteles, pode ser definido em relação às coisas ou em relação a nós: “Se cada ciência cumpre bem o seu papel quando visa ao justo meio e orienta suas obras para ele (donde se costuma dizer que nas boas obras nada se tem a tirar nem a acrescentar, porquanto o excesso e a falta arruínam o bom, enquanto o justo meio o salva), se os bons artistas trabalham com vistas a esse meio-termo, a virtude, que, assim como a natureza, é mais acurada e melhor que qualquer arte, deverá tender precisamente para o justo meio” (Et. Nic., II, 6, 1106 b 8). Contudo, o justo meio é definição apenas da virtude ética ou moral, porque só ela diz respeito a paixões ou ações suscetíveis de excesso ou deficiência (cf. também Tomás de Aquino, S. Th., I, II, q. 59, a. 1) (v. virtude).


(in. Means; fr. Moyen; al. Mittel; it. Mezzó).

1. Tudo o que possibilita alcançar um fim, cumprir um objetivo ou realizar um projeto. Sobre a relação entre meio e fim, v. valor.

2. Ambiente, especialmente o biológico. Nesse sentido, essa palavra corresponde ao francês milieu, que começou a ser usada com esse significado em meados do século passado (v. ambiente). [Abbagnano]


O contexto físico, intelectual, moral e social onde vivemos. — No século passado, o evolucionismo procurava resolver o problema da relação do indivíduo com o meio, isto é, o da adaptação do organismo ao contexto físico: perguntava-se em que medida o meio pode provocar mudanças hereditárias no organismo. A teoria de Lamarck insistia na ação do meio transformando o organismo. Mostra que, devido ao fato de as terras africanas irem secando pouco a pouco e as folhas das árvores se tornarem cada vez mais altas, as girafas só puderam sobreviver por um desenvolvimento paralelo de seu pescoço e de suas patas dianteiras, permitindo-lhes comer folhas situadas a mais de 6 m de altura.

O problema do meio hoje é, principalmente, um problema sociológico: o da influência das condições sociais sobre o desenvolvimento moral e intelectual do indivíduo. Todas as teorias “genéticas”, em psicologia, insistem no papel do meio (miséria, separação dos pais etc.) para explicar as particularidades dos caracteres dos indivíduos e sua atitude na vida (opõem-se às teorias da hereditariedade). A preocupação fundamental da pedagogia focaliza-se precisamente na descoberta e na constituição de um meio onde cada um poderia expandir-se e realizar suas possibilidades: essa preocupação preside tanto à orientação profissional quanto à reforma do ensino. [Larousse]


Se por outro lado a noção de meio for examinada à luz das concepções biológicas vitalistas (por ex. J. von Uexküll e Hans Driesch), não se sabe o que fazer com o meio, qual o concebe o pavlovismo, no estilo do naturalismo-científico, como um quadro físico permanente, no qual se desenrola o acidente da vida. O meio não é o mesmo para todos os indivíduos, nem para todas as espécies. O meio do vegetal não é o do homem, nem o do animal. O animal não se move no meio em que nos movemos, porque é certo que em larga margem o meio é projetado pelo ser vivo e há, subjetivamente, tantos meios quantos são os indivíduos, os gêneros e as espécies. É mais fácil conceber o ser vivo como adaptando o meio a si, do que concebê-lo como produto passivo da adaptação ao meio. Ninguém sabe se o meio físico formula estímulos imutáveis ou se somos nós que concebemos como imutáveis os estímulos que pomos no meio físico.

Segundo o pavlovismo há duas espécies de meios: o imutável e o mutável. Se todo meio fosse imutável, os reflexos incondicionados bastariam para garantir a sobrevivência do organismo. Mas o pavlovismo descobre que o meio, além dos seus caracteres constantes, tem também inúmeros caracteres mutáveis, aos quais o organismo deve adaptar-se para sobreviver. [Barbuy]