GA65 Beiträge zur Philosophie (Vom Ereignis), org. F.-W. von Herrmann (1989), manuscritos de 1936-38
Contributions to Philosophy (of the Event). (GA 65). Translated by Richard Rojcewicz and Daniela Vallega-Neu. Bloomington: Indiana University Press, 2012.
Contributions to Philosophy : (From Enowning). (GA 65). Translated by Parvis Emad and Kenneth Maly. Bloomington: Indiana University Press, 1999.
Aportes a la filosofía. Acerca del evento. Traducción DinaV. Picotti C.. Buenos Aires: Biblos, 2003.
Contribuições à Filosofia: Do Acontecimento Apropriador. Tr. Marco Antonio Casanova. RIo de Janeiro: Via Véritas, 2015.
Apports à la philosophie. De l’avenance. Tr. François Fédier. Paris, Gallimard, 2013.
Titled in German Beiträge zur Philosophie (Vom Ereignis), this is the first translation of what at one time considered to be Heidegger’s second major work. Written in 1936-38, ten years after Being and Time and two years after Heidegger had resigned from the rectorship of Freiburg University.
The book consists of 281 sections, grouped thematically. Some of the section titles are repeated in the book, so they usually are referred to by number rather than title.
Here’s some of what the translators have to saying about the word Ereignis and its rendition in English:
We considered the possibility of leaving the word Ereignis untranslated, since we were aware of Heidegger’s own view, corroborated by our understanding of Contributions, that Ereignis is “as little translatable as the guiding-Greek word logos and the Chinese Tao…and is…a singulare tantum.” And yet we opted for translating Ereignis rather than leaving it untranslated, for three reasons: (1) Leaving the word Ereignis untranslated in the text requires an explanation, which involves an interpretation of this word, which in turn constitutes translating it. That is, leaving Ereignis “untranslated” is itself a translation. Thus translating this word becomes unavoidable. (2) Leaving the word Ereignis untranslated would make it practically impossible to translate the family of words that are closely related to Ereignis, such as Ereignung, Eignung, Zueignung, Übereignung, Eigentum, ereignen, zueignen, übereignen, eignen. (3) Actually translating this word does not resolve the problem of the untranslatability of Ereignis. Thus, what is called for is an English rendition of Ereignis that approximates the richness of the German word without pretending to replace it. (Heidegger shows that such approximation is possible, e.g., with his own rendition of the Greek λόγος.) In the case of Ereignis, feasibility of an approximation is foreshadowed by the way in which the er- in Ereignis has the function of stressing and putting forth the movement of eignen in -eignis.
We found a good approximation Ereignis in the word enowning. Above it is the prefix en- in this word that opens the possibility for approximating Ereignis, in so far as this prefix conveys the sense of “enabling,” “bringing into condition of,” or “welling up of.” Thus, in conjunction with owning, this prefix is capable of getting across a sense of an “owning” that is not an “owning of something.” We can think this owning as an un-possessive owning, because the prefix en- has this unique capability. In this sense owning does not have an appropriate content. (EMAD & MALY)
Contribuições para a filosofia (do acontecimento) Beiträge zur Philosophie (Vom Ereignis) (GA65) foi escrito entre 1936 e 1938. Ele foi publicado pela primeira vez em 1989 como o volume 65 das obras completas de Heidegger. Foi escrito durante as preleções sobre Nietzsche e muito se assemelha, em termos de estilo e de estrutura às anotações póstumas de Nietzsche, Vontade de poder. Mais do que Nietzsche, é porém Hölderlin quem mais domina a obra. Algumas vezes, a própria filosofia é vista como uma preparação para Hölderlin: “O destino histórico da filosofia culmina no conhecimento da necessidade de escutar a palavra de Hölderlin” (GA65, 422). Hölderlin atinge uma estatura quase comparável à de Cristo: “Em que solo (…) se firma a conjectura de que o impulso de ser pode já ter lançado um primeiro tremor em nossa história? Mais uma vez em um único fato: de que Hölderlin teve de tornar-se aquele que diz (Sagende) que ele é” (GA65, 485). Muitas das ideias centrais de GA65 — terra, deuses etc. — têm origem em Hölderlin.
GA65 possui oito partes, cada uma contendo sessões numeradas continuamente através da obra. A parte I é Vorblick, ” Visão prévia”. Ela começa com uma queixa de que todas as “palavras básicas” ficaram desgastadas, de modo que devemos nos arranjar com um título “público” e ameno tal como “Contribuições para a filosofia”. O título verdadeiro é “Do acontecimento”: nós devemos ser “entregues (übereignet) ao acontecimento (Er-eignis), que alcançará a mudança essencial do homem, entendido como ‘animal racional’ (…) para Da-sein” (GA65, 3). O título público expressa, no entanto, o fato de que GA65 não é uma obra definitiva, mas o melhor que pode ser esperado ” na época da transição da metafísica para o pensamento da história do ser (seynsgeschichtliche Denken)”, “uma tentativa de pensar ser” (GA65, 3). Heidegger concebe GA65 como uma transição da “ontologia fundamental” de SZ para a história do ser característica de suas obras posteriores.
A Visão prévia explica a estrutura de GA65 delineando seis partes, além da própria Visão prévia: Parte II, Der Anklang, “O eco”, refere-se ao eco de ser em nossa atual condição de “abandono de ser”. Parte III, Das Zuspiel, “O passe”, invoca a ideia de “jogar (Spiel)” ou “passar” a bola “para (zu)” outro jogador. Estudamos o “primeiro começo” instaurado pelos gregos com o propósito de nos prepararmos para o ” outro começo”, em um tempo futuro indeterminado. Inversamente, nossa preparação para o outro começo nos capacita a compreender os gregos. Assim, o primeiro e o outro começo são como jogadores co-operando ao passar a bola um para o outro. A parte IV, Der Sprung, é ” O salto” para ser. A parte V, Die Gründung, é ” A fundamentação” da verdade de ser. A parte VI, Die Zu-künftigen, “Os do futuro (Zukünftigen)” ou “Os que virão (Zu-künftigen)”, são aqueles que farão surgir o outro começo, pensadores, mas não apenas pensadores; “o pensamento é apenas um caminho pelo qual poucos avançam o salto para ser” (GA65, 395). A parte VII é Der letzte Gott, “O último deus”, “bastante diferente dos deuses anteriores, especialmente do deus cristão” (GA65, 403). Este deus não é o último deus do primeiro começo, mas o deus apropriado para o outro começo: “O último deus não é o fim, mas o outro começo de possibilidades imensuráveis de nossa história” (GA65, 411). GA65 é concluído na Parte viu, Das Seyn, “Ser”; seria a Parte ii do esquema original de Heidegger, mas como ele indicou que este era o lugar errado para ela, em GA65 ela foi deslocada para o final.
Heidegger diz que embora GA65 não seja um sistema, as Partes II-VII são “junções da conjuntura (Fügungen der Füge)”, coerentemente conectadas umas às outras. E difícil discernir um plano rígido em GA65, especialmente porque as seções dentro de uma parte frequentemente não têm conexão clara com o título da parte. E tentador enxergar GA65 como blocos de pedra em uma pedreira, cuja relação não é aparente (cf. GA65, 421, 436). Alguns temas percorrem o livro. Ele revela aspiração religiosa e crescente hostilidade ao nazismo, o qual, apesar de não ser mencionado pelo nome, está indiscutivelmente incluído nas suas denúncias de gigantomania (p. ex., GA65, 441ss) e de racismo (p. ex., GA65, 18s). Em GA65 Heidegger trabalhou ideias que reaparecem em escritos posteriores, tais como ch. As dificuldades que apresenta são sucessivamente facilitadas por outros escritos e preleções, tais como GA45. (DH)