instituição

O que é estabelecido pela sociedade (por oposição ao que é natural). — A noção de instituição envolve, num sentido amplo, tudo o que é trazido pela cultura. Cada instituição se caracteriza (segundo a descrição dada por Malinowski) por uma “carta” (princípios), um “pessoal” (um grupo de pessoas ao qual se aplica a carta) e um “material” (uma destinação própria da ação das pessoas. Nesse sentido, toda associação” constitui uma instituição; tem seus princípios, reúne certas pessoas para fazer alguma coisa de particular (esporte, comércio etc). A sociologia estuda as instituições de um ponto de vista duplo: 1.° do ponto de vista estático: quais são as leis, os princípios que regem teoricamente a vida de uma sociedade ou de um grupo?; 2.° do ponto de vista dinâmico: como põem as pessoas em prática essas leis ou esses princípios? Por exemplo, o estudo estático das instituições, do ponto de vista religioso, descobre a mesma proporção de católicos na França e no Brasil; o estudo dinâmico descobre que a religião é muito mais profunda e invasora na vida social do Brasil do que na da França. Tanto é verdadeiro, que não se conhece uma sociedade apenas por suas leis, mas por seu modo de vida. A noção de “instituição”, teórica ou vivida, é a noção fundamental da sociologia. [Larousse]


(lat. institutio; in. Institution; fr. Institution; al. Anstalt; it. Istituzioné).

1. Na lógica terminista medieval, é a adoção de um novo vocábulo durante a discussão, pelo tempo que ela dura (cf. Ockham, Summa log., III, 3, 38). A finalidade dessa adoção é tornar a linguagem mais concisa, discutir uma coisa desconhecida ou enganar o interlocutor ou permitir-lhe responder mais facilmente às objeções. Neste último sentido é uma das obrigações .

2. Na sociologia contemporânea, esse termo é de uso frequente e foi empregado, p. ex., por Durkheim como objeto específico da sociologia, definida precisamente como “ciências das instituições” (Règles de la méthode sociologique, 2a ed., p. XXIII). A instituição por vezes foi entendida como um conjunto de normas que regulam a ação social (exatamente como faz Durkheim); outras vezes, em sentido mais geral, como “qualquer atitude suficientemente recorrente num grupo social” (cf. Abbagnano, Problemi di sociologia, 1959, IV, 2). [Abbagnano]


9. Essencial ao «diabólico» continua sendo, para nós, a fragmentação de tudo em «coisas», que o são, como só inter-relacionadas por seu lado de fora. Correlato humano do «diabólico» é o vetor resultante de outros dois, a que se deu os nomes de intelecto e vontade, também introduzimos a «concentração» da vontade e a «atenção» do intelecto, como reforços de uma imagem mais fiel do homem que se tornou em eficaz acólito ou assessor do Diabo. Opusemos-lhe a «distração» e o «amor». Mas, dessa doutrina, ainda não extraímos todas as consequências cabíveis. Que sucederá no ápice do «coisismo»? Exemplos não faltam, do passado até o presente. Dir-se-ia até que direto a uma «coisificação», tal como a caracterizamos, caminha, a firmes e seguros passos, a história da humanidade. Instituições multiplicam-se assustadoramente para qualquer dos que dizem ou se dizem «alienados». Mas «alienado» é o qualificativo que alguns mais gostosamente aceitam e assumem, ainda que, por tal, os queiram deixar marginalizados na loucura. O adjetivo aplica-se a um número de pessoas que as outras querem que seja cada vez menor: são as que se alheiam, as que se recusam, propositadamente ou não, a deixarem-se envolver por um «ideal» que, surpreendentemente, só se refere ao que entendem por «real». Mas, voltando às instituições: os não-alienados são-no por querer outras, que não as vigentes. Por mim, enquanto alienado, diria que «tanto faz». Não há anseio do que quer que se tenha por bom, justo e verdadeiro, ou, pelo menos, por menos mau e menos falso que não morra ao institucionalizar-se. As instituições são «coisas» que antes foram [96] anseios, projetos mais ou menos indefinidos. Anseios, por melhor exemplo, de amparar os desvalidos e fixar as normas da justiça social, dos direitos humanos, e assim por diante. Mas a instituição, fazendo de tudo isso uma «coisa» de que dizemos dispor, por não sabermos que de nós dispõe, é o fatal princípio de uma perversão. Não creio andar muito longe do mais certo, se aderir, neste ponto, ao princípio nietzschiano da moral do ressentimento. Pois também não creio que, de todos os homens terem iguais direitos e de que justo seja igualmente acederem a todos os bens de consumo, se conclua necessariamente pela igualdade deles. De modo que essa «coisificação» dos mais legítimos anseios, que é a sua própria institucionalização, só vem a servir para mais relevar a naturalíssima desigualdade dos homens. Uma troca de instituições é uma troca de elitismos e, por conseguinte, não se julgue que a época das Pirâmides começou e acabou no Antigo Império Egípcio. [EudoroMito:96-97]