ingenuidade

(in. Naivete; fr. Naiveté; al. Naivetät; it. Ingenuità).

No séc. XVIII, este termo começou a ser empregado para indicar certo modo de expressão estética. Kant dizia: “A ingenuidade é a expressão da originária sinceridade natural da humanidade contra a arte de fingir, que se tornou uma segunda natureza” (Crít. do Juízo, § 54). A ingenuidade não deve ser confundida com a simplicidade franca, que não dissimula a natureza só porque não compreende o que é a arte de viver em sociedade. É antes uma natureza que se faz presente ou se revela na própria arte (Ibid., § 54). Schiller inspirou-se nesses conceitos no ensaio Sobre a poesia ingênua e sentimental (1795-96): “O ingênuo é a representação da nossa infância perdida, que fica em nós como o que há de mais querido, e por isso nos enche de certa tristeza e é, ao mesmo tempo, a representação da suprema perfeição do ideal, que suscita em nós sublime emoção” (Werke, ed. Karpeles, XII, p. 108). A poesia ingênua nesse sentido contrapõe-se à poesia sentimental: o poeta ingênuo é natureza; o poeta sentimental procura a natureza (Ibid., p. 125).

Fora do domínio da estética, esse termo por vezes é usado para caracterizar as crenças filosóficas do homem comum. Deu-se o nome de “realismo ingênuo” à crença comum na realidade das coisas. Embora, assim usado, esse adjetivo tenha certo tom depreciativo, a crítica mais recente tem demonstrado que nem sempre as crenças ingênuas são as mais fracas (v. realismo). [Abbagnano]