A imolação do Cordeiro “desde o começo do mundo” é, na realidade, a mesma coisa que o sacrifício védico de Purusha, que se divide na aparência, na origem da manifestação, para residir ao mesmo tempo em todos os seres e em todos os mundos, de modo que, embora sendo sempre essencialmente um e tudo contendo em princípio na sua própria unidade, aparece exteriormente como múltiplo, o que corresponde ainda de forma exata às ideias de plenitude e pluralidade que indicávamos há pouco. É também por isso que se diz que “existem dois Purushas, um destrutível e o outro indestrutível: o primeiro está repartido entre todos os seres; o segundo é o imutável (Bhagavad Gita, XV, 16); segundo a sequência desse texto, Purushottama, que é idêntico a Paramatma, encontra-se além desses dois aspectos, pois é o Princípio supremo, transcendente em relação a toda manifestação: ele não está “no mundo”, mas, ao contrário, são todos os mundos que estão nele. (Guénon)