VIDE ídolo
(gr. eidola; lat. idola, Simulacra; in. Idols; fr. Idoles; al. Idole; it. Idoli).
A doutrina dos ídolos foi exposta na antiguidade por Demócrito; segundo ela, a sensação e o pensamento são produzidas por imagens corpóreas provenientes de fora (Stobeo, IV, 233). Essa doutrina foi retomada e adotada pelos epicuristas (Ep. a Herod., 46-50; cf. Lucrécio, De rer. nat., IV, 99, etc). Em sentido diferente, foi retomada por Francis Bacon, para quem os ídolos não são instrumentos de conhecimento, mas obstáculos ao conhecimento; são “falsas noções” ou “antecipações”, ou seja, preconceitos. Para Bacon, são quatro as espécies de ídolos. Duas delas têm raízes na natureza humana e Bacon denomina-as idola tribuse idola specus. Os ídolos tribus (da tribo) são comuns a todo o gênero humano e consistem, p. ex., em supor que na natureza há uma harmonia muito maior que a existente, em dar importância a determinados conceitos mais que a outros, etc. Os ídolos specus (da caverna) provêm da educação, dos costumes e dos casos fortuitos em que cada um venha a encontrar-se. Assim, a importância que Aristóteles atribuiu à lógica, após havê-la inventado, é um ídolos dessa espécie. Os ídolos provenientes do exterior também são de duas espécies: idolaforie idola theatri. Os ídolos fori (da praça) derivam da linguagem frequentemente usada ou de nomes de coisas que não existem (como sorte, primeiro móvel, órbitas dos planetas, etc.) ou de nomes de coisas que existem, mas são confusas (como gerar, corromper, grave, leve, etc). Os ídolos theatri (do teatro) derivam das doutrinas filosóficas ou de demonstrações errôneas e Bacon as denomina assim porque compara os sistemas filosóficos a fábulas que são como mundos fictícios ou cenas de teatro. A este propósito distingue três falsas filosofias: a sofistica, cujo maior exemplo é Aristóteles; a empírica, cujo maior exemplo é a alquimia; a supersticiosa, que se mistura à teologia e cujo maior exemplo é Platão (Nov. Org., I, 38-45). Recentemente, essa teoria de Bacon sobre os ídolos foi considerada antecessora do conceito moderno de ideologia (Mannheim, Ideology and Utopia, 1929, II, 2). (Abbagnano)
(v. ídolo do gr. eidolon, plural eidola, e do lat. idolum, no plural idola, imagem ou semelhança).
Para Demócrito, a percepção realizava-se pela captação dos idola emitidos pelas coisas; ou seja, pequenas partículas. Na Idade Média, os idola eram considerados pouco importantes e nenhum valor se dava à teoria de Demócrito. Francis Bacon, que os reviveu em seu Novum Organum, classificou os erros mais gerais em quatro espécies que chamava: idola tribus (fraqueza do conhecimento próprio da espécie humana), dos quais nos devemos precaver, que têm por causa a tendência a só tomar em consideração o que é mais simples e mais uniforme, bem como a tendência a crer que o mundo é mais simples e mais uniforme do que é na realidade; idola specus (da caverna, à semelhança de Platão), erros que têm por causa o temperamento, a educação, os preconceitos individuais e os defeitos mentais; idola fori (faltas da linguagem na comunicação das ideias), ideias confusas, palavras que dão aparência de realidade a quimeras e, finalmente, os idola theatri, a filosofia sofística, faltas no modo de filosofar, a explicação do real por meio de abstrações, a superstição na filosofia, a interpretação histórico–física do livro do Gênesis, etc. [MFSDIC]