ídolo

VIDE ídolos

Francis Bacon chamou ídolos ou falsas noções às superstições que assaltam o espírito dos homens e das quais é preciso livrarmo-nos com o fim de levar a cabo a autêntica “interpretação da Natureza”. No livro primeiro do NOVUM ORGANON divide-os em quatro: os idola tribu (ídolos da tribo), os idola specus (ídolos da caverna), os idola fori (ídolos do foro ou do ágora) e os idola theatri (ídolos do teatro ou espetáculo). Os ídolos da tribo são próprios de toda a raça humana: as suas caraterísticas são certa tendência para supor que há na natureza mais ordem e regularidade que as que existem, tendência para se aferrarem às opiniões adotadas, influências nocivas da vontade e dos afetos, incompetências e engano dos sentidos, aspiração às abstrações e a outorgar realidade a coisas que são meramente desejadas ou imaginadas. Os ídolos da caverna são os do homem individual, visto que cada homem, diz Bacon, vive numa caverna particular que refrata a luz da natureza. Devem-se tais ídolos à particular constituição, corporal ou mental, de cada indivíduo, à educação ou hábitos ou acidentes de individuais. Como há muitos homens, há muitas espécies de ídolos da caverna. Os ídolos do foro, ágora ou mercado são os que se originam no trato de uns homens com os outros. Consistem sobretudo em adjudicar aos termos significados errôneos ou na suposição de que uma vez que se tem um termo ou uma expressão (como os de fortuna, primeiro motor, elementos do fogo), se tem também as realidades correspondentes. Os ídolos do teatro são os que emigram para o espírito dos homens procedentes dos vários dogmas filosóficos e de leis equivocadas de demonstração. São assim chamados, porque no entender de Bacon, os sistemas recebidos são outros tantos cenários que representam mundos fictícios. Há tantos ídolos do teatro como seitas filosóficas, mas Bacon classifica-os em três grupos: os sofísticos (baseados em falsos raciocínios: Aristóteles), os empíricos (baseados em precipitações e ousadas generalizações: alquimistas), e os supersticiosos (baseados na reverência pela mera autoridade e tradição: pitagorismo, platonismo). [Ferrater]