Palavra construída em analogia a “mitologema” (usado por C. G. Jung e K. Kerényi), o ideologema é qualquer elemento identificável num sistema ideológico (numa ideologia). Os ideologemas ou são “concretos” (constituindo os objetos de uma analítica do objeto) ou existem na linguagem (como conceitos do tipo “liberdade”, “pátria”, ou como regras proverbiais — “honrar pai e mãe”, “o trabalho dignifica o homem”). A noção de ideologema é utilizada para a análise de sistemas ideológicos; entre outras características interessantes, o ideologema possui uma espécie de “propriedade de continuidade” — entre dois ideologemas é sempre possível situar um terceiro. Por exemplo, se pergunto: “por que honrar pai e mãe”, me virá em resposta, “porque tudo devemos a nossos pais”. Se insisto, tomando como pergunta outro ideologema, a resposta pode ser, “porque Deus assim organizou o mundo, e assim impôs num mandamento”. A discussão pode ser infinda, e nunca se situar fora dos ideologemas. Esta “continuidade” do conjunto dos ideologemas nos sugere que este conjunto não é “fechado”, e sim “aberto” em relação a novos ideologemas. O problema da ideologia e dos ideologemas se rejeitam, portanto, a uma teoria das ideologias, ou seja, a uma teoria que pretenda mostrar como são criados os ideologemas. Uma teoria assim pode ser construída dentro da analítica do objeto. Julia Kristeva, dentro de suas investigações semiológicas, desenvolveu um conceito especial de “ideo-logema”,não “abordado aqui. (Francisco Doria – DCC)