(gr. physiognomia; in. physiognomonics; fr. Physiognomonie; al. Physiognomik; it. Fisiognomicà).
Arte de julgar o caráter do homem, seu modo de sentir e de pensar, a partir de sua aparência visível, especialmente a partir dos traços fisionômicos. Aristóteles (seguido por muitos escritores antigos e medievais) já admitira a possibilidade de julgar a natureza de uma coisa com base em sua forma corpórea (An. pr., II, 27, 70 b 7). Cícero falava de um fisiognomonista, Zopiro, que se vangloriava de conhecer a natureza e o caráter dos homens pelo exame de seu corpo, ou seja, de seus olhos, seu rosto e sua testa (De Fato, V, 10). Mas foi principalmente no Renascimento que essa arte foi cultivada, a começar por Giambattista della Porta, que, em 1580, publicou o livro Sulla fisiognomonia umana. Esse tipo de estudo foi muito difundido no séc. XVIII por Lavater (Fragmentos fisiognomonia, 1775-78). O próprio Kant reconheceu o valor da fisiognomonia (Antr., 11, cap. III). Hegel distingue-a das más artes e dos estudos inúteis porque ela afirma a unidade entre interior e exterior (Phänomen. des Geistes, I, parte 1, cap. V; trad. it., p. 281). Nos tempos modernos a fisiognomonia também tem defensores não só entre os psicólogos e caracterologistas, mas também entre filósofos. Spengler disse: “A morfologia do que é mecânico e amplo, ciência que descobre e ordena relações causais, é chamada de sistemática. A morfologia do que é orgânico, da história e da vida, de tudo aquilo que traz em si direção e destino, é chamada fisiognomonia” (Untergang des Abendlandes, I, p. 134). R. Kassner afirmou a identidade entre psicologia e fisiognomonia, alegando que a antiga distinção entre ser e aparecer não tem valor: “A psicologia deve então ser fisiognomonia e qualquer outra é tediosa e banal, pois, como tudo consiste na visão, nada há que precise ser mais investigado ou descoberto, retirando uma camada de aparência depois da outra” (Dasphysiognomische Weltbild, Intr.; trad. it. em Os elementos da grandeza humana, 1942, pp. 6l ss.). [Abbagnano]