(do gr. philos, amoroso, e sophien, saber), indivíduo cuja vida é consagrada à procura da verdade. — O filósofo não é necessariamente o que escreve uma obra ou cria um sistema. Sócrates é, segundo Hegel, um “verdadeiro filósofo”, precisamente porque viveu sua doutrina ao invés de escrevê-la. “Ser filósofo, dizia Sócrates, não consiste em saber muitas coisas, mas em ser moderado.” Somente por desvio, e desde que a filosofia tornou-se uma profissão, uma forma de “ensino retribuído”, é que a noção de “filósofo” perdeu seu significado original de ser exemplar, de pesquisador desinteressado, apoiado unicamente em sua vocação; desde então não existem mais filósofos, nota Hegel, e sim filosofias e sistemas de pensamentos. [Larousse]
Quem quiser seriamente tornar-se filósofo deve, uma vez na vida, retirar-se para dentro de si mesmo e em si tentar o derrube de todas as ciências existentes e a sua reconstrução. A filosofia é um assunto inteiramente pessoal de quem filosofa. Trata-se da sua sapientia universalis, isto é, do seu saber em busca do universal – mas de um saber científico genuíno, pelo qual ele desde início e em cada passo se responsabiliza absolutamente em virtude das suas razões absolutamente evidentes. Só posso tornar-me verdadeiro filósofo pela minha livre decisão de querer viver para este objetivo. Se a tal me decidi, se, portanto, optei pelo começo em absoluta pobreza e pelo derrube, então a primeira coisa a fazer é, decerto, refletir como é que poderei encontrar o começo absolutamente seguro e o método da progressão, sem qualquer apoio da ciência existente. As meditações cartesianas não pretendem, pois, ser apenas um assunto privado do filósofo Descartes, mas o protótipo das meditações necessárias a todo o principiante em geral da filosofia. [Husserl – Meditações Cartesianas]