Todas as filosofias da Índia apresentam-se como uma interpretação e uma retomada dos hinos védicos, escritos há cinco milênios; eles próprios representam somente um esforço para fixar uma visão completa e total da verdade, herdada de “longínquos ancestrais” num passado muito distante. O princípio da filosofia hindu é que o saber abstrato não tem em si nenhum valor se não nos conduz a fazer uma experiência da verdade. Exprimindo-se inicialmente através de “invocações” (mantra), e depois de “parábolas” (upanixades), “ritos” (brahmana) e “técnicas” (ioga), a filosofia contemporânea encontrou em Aurobindo uma expressão discursiva e racional. Todo o problema é ultrapassar o dualismo natural da consciência comum (maya) e participar da vida divina (lila). Para chegar a isso, Madhvacharya preconizava o caminho da adoração, e Çankaracharya o do trabalho interior. Contrapõe-se geralmente as filosofias do desapego (vedanta, çivaismo, budismo) ao misticismo, que, ao contrário, nos convida a perder-mo-nos no mundo (tantrismo, vishnuismo). Doutrina da sabedoria sem ser por isso irracional, a filosofia hindu exerceu sempre um forte poder de sedução sobre a filosofia ocidental; inspirou diretamente a filosofia de Schopenhauer, e indiretamente uma certa tradição de nossa filosofia, que passa notadamente por Plotino. Bergson consagrou — um capítulo das Duas fontes da moral e da religião ao misticismo hindu, oposto ao misticismo cristão. [Larousse]