A filosofia dos valores, como corrente peculiar filosófica, só se desenvolveu depois de H. Lotze. Quando se fala de teoria dos valares, esta expressão compreende, na maioria dos casos, além da investigação filosófica, outra investigação, p. ex., psicológica dos valores e das valorizações. Mais raramente se usa, para a designar, o termo axiologia (do grego axion = digno, apreciável). — Já em Lotze, pai da moderna filosofia dos vatóres, o valor aparece separado do ser. Este carece de valor, porque o restringem à realidade empírica exclusivamente sujeita às leis matemáticas da ciência natural. Os valores, em que se funda o sentido de nossa existência, formam um reino próprio do valer. A esta duplicidade corresponde no homem uma dualidade de faculdades; assim como o entendimento conhece o ser, assim a razão sente os valores. As sugestões de Lotze desenvolveram-se principalmente em duas formas: a filosofia neokantiana e a filosofia fenomenológica dos valores.
A primeira acolhe o aspecto da validade; seu porta-voz é a escola de Baden (Windelband, Rickert). Parte da diferença entre a natureza, que deve ser explicada por leis, e a cultura histórica, que deve ser compreendida por valores diretivos. Assim, a par da realidade, privada de valor ou indiferente ao valor, ergue-se o reino independente dos valores, que valem incondicionalmente, mas não existem, o que autoriza também a qualificá-los de irreais. Ambas as esferas coincidem no “nó do mundo”, isto é, nos atos valiosos do homem que imprimem também valores ao real, sendo por esta forma, criadores de cultura. — Spranger e Meinong, em sua última fase, professam ideias afins.
A filosofia fenomenológica dos valores (Scheler) aceita sobretudo o que se refere ao sentimento do valor; em oposição ao formalismo de Kant, apaixonadamente posto em destaque, Scheler funda a ética material dos valores (ética dos valores). Uma redução dos valores ao ser, entendido só no sentido da realidade existente, equivaleria à relativização dos mesmos. Seu caráter absoluto é unicamente assegurado pela “independência última” relativamente ao ser; consequentemente, formam um reino próprio de “qualidades materiais” (de determinações que possuem a natureza de conteúdos). Devido à sua separação do ser, os valores não podem ser conhecidos pelo entendimento, mas só podem ser apreendidos de maneira intuitivo-emocional pelo sentimento intencional que, dirigido aos valores como a seu objeto, se distingue do sentimento puramente subjetivo. — Afins ao sentimento intencional são o “amor justo” de Brentano e a presentação emocional defendida por Meinong em seus últimos anos, ao passo que as teorias psicologistas diluem os valores no sentimento puramente subjetivo. N. Hartmann continua a ética dos valores com impulso original. Jaensch caracterizou acertadamente todos estes sistemas como “teorias complementares dualistas”, pois que se cingem a complementar o ser privado de valor, colocando a seu lado, o valor privado de ser em vez de desenvolverem a unidade radical de ambos. Contudo só a teoria escolástica dos valores penetra até ao âmago dessa unidade. — Lötz. [Brugger]