É a corrente do pensamento ético que vê no valor o problema essencial da ética. Podemos distinguir a corrente neokantiana (Windelband, Rickert) e a, fenomenológica (Scheler, N. Hartmann) da ética dos valores. A primeira entende por valor só o elemento universal e formal, mais ou menos equiparado ao “dever” e distinto do ser (concebido apenas empiricamente) como determinação transcendental (ética puramente formal, formalismo ético). A ética fenomenológica dos valores vê no valor algo dotado de conteúdo múltiplo e objetivo, mas também diverso do ser, sendo a priori, conferindo plenitude de sentido ao apetite e não coincidindo, de maneira alguma, com a obrigação ou com o dever, porque é ele que primeiro funda a obrigação (ética material dos valores). Em todo caso, a ética fenomenológica dos valores também não admite nenhum valor moral próprio, que, como objeto do querer, torne o ato moralmente bom. Ao contrário, o valor moral é exclusivamente valor de ato, o qual se efetua quando o homem escolhe, entre vários valores não morais em si, aquele que merece preferência por sua maior elevação axiológica ou por. outros motivos (p. ex., pela maior urgência).
Comparada com o positivismo moral, a ética dos valores tem o mérito de haver defendido expressamente a objetividade do valor moral. Nisso a corrente fenomenológica supera a ética formal, por ter acentuado com clareza e a prioridade do conteúdo axiológico em relação à obrigação meramente formal. — Todavia, também esta corrente apresenta defeitos. Em primeiro lugar, mantém a separação entre o ser e o valor (ética dos valores), por se achar também ainda presa demais à concepção positivista do ser como realidade simplesmente empírica Por consequência, não vê que o valor, como acabamento da essência dos entes, se baseia no ser e, p. ex., pode ser conhecido como valor por uma percepção essencial, comparando-se o ato a perfazer com a essência que ele possui naturalmente. O sentimento intencional do valor não é, pois, como admite Scheler, uma grandeza última e simples, mas uma formação complexa, que une o conhecimento e a tomada emocional de posição. Ademais, o valor moral do ato não pode ser reduzido a valores objetivos não morais em si, entre os quais o homem prefere o mais elevado ou o mais urgente (Bem). Por último, a questão do valor moral, apesar de básica, não é a única na ética de modo particular, pergunta-se se a lei moral pode ser esclarecida só a partir do valor. — Schuster – De Vries. [Brugger]