espontaneidade

(lat. spontaneitas; in. Spontaneity; fr. Spontanéité; al. Spontaneitát; it. Spontaneita).

O adjetivo spontaneus não passa da tradução latina de ekousios, que significa livre. Leibniz, que introduziu esse termo na linguagem filosófica moderna, indica corretamente sua origem e significado: “Aristóteles definiu bem a espontaneidade ao dizer que uma ação é espontânea quando seu princípio está no agente. Spontaneum est, cuius principium est in agente’ (Et. Nic, III, 1, 1110 a 17). É assim que nossas ações e nossas vontades dependem inteiramente de nós” (Teod., III, § 301). Em certo trecho, ele distingue liberdade de espontaneidade, dizendo que “a liberdade é a espontaneidade de quem é inteligente, de tal modo que o espontâneo no animal ou em outra substância desprovida de inteligência eleva-se no homem ou em outra substância inteligente e chama-se livre” (Op.. ed. Erdmann, p. 669). Mas, levando em conta ou não essa distinção, a espontaneidade não é mais que o conceito clássico da liberdade como causa sui. o que também deixa clara a definição de Wolff. segundo a qual ela é “o princípio intrínseco para determinar-se a agir” (Psychol. empírica. § 933). No mesmo significado, Kant falou do intelecto como “espontaneidade do conhecimento” enquanto “faculdade de produzir por si representações” (Crít. R. Pura, Lógica transcendental, Introd., I). Nesse sentido, opõe-se a receptividade ou passividade sendo sinônimo de atividade, termo hoje mais frequentemente empregado para indicar um processo ou uma mudança que é causa sui, ou seja, que não tem causa fora de si. Também Heidegger entendeu a espontaneidade como liberdade; para isso, identificou-a com a transcendência em que consiste a liberdade finita do homem: “A essência do si-mesmo (a ipseitas), a essência daquele si-mesmo que jaz já no fundo de toda espontaneidade, consiste na transcendência… Só porque constitui a transcendência, a liberdade pode revelar-se, no Dasein existente, como modo particular de causalidade, isto é, como auto-causalidade” (Vom Wesen des Grundes, 1929, III; trad. it., p. 65). [Abbagnano]