Epicuro

EPICURO, filósofo grego (341 -270 a.C). Seu pai era mestreescola e sua mãe adivinha. Viveu a maior parte de sua vida em Atenas, onde abriu uma escola em 306; “escola” ao ar livre (o célebre “Jardim de Epicuro”), onde viveu em comunidade com seus amigos e discípulos. Só nos ficou dele três cartas, que contêm o resumo de sua doutrina, e em particular, de sua moral: Epicuro ensinava que o prazer é o supremo bem, não entendendo por isso que o homem deva abandonar-se às voluptuosidades fáceis, como interpretaram um tanto levianamente, mas sim, ao contrário, que a felicidade é a recompensa da sabedoria, da cultura do espírito e também da prática da virtude. Sua doutrina do “cálculo dos prazeres”, fonte de tantos mal-entendidos, necessita ser precisada: Epicuro nos dá como objetivo a atingir o uso racional dos prazeres, que classifica em três grupos, segundo se deva: 1.° favorecê-los; 2.° admiti-los; 3.° fugir-lhes. Ele propõe que se favoreça aqueles que são naturais mas não necessários, e que se fuja daqueles que não são naturais nem necessários. Assim, atingir-se-á ao estado privilegiado do homem, que é o repouso da alma, ou ataraxia (gr. a-taraxis, isento de perturbação). O Jardim de Epicuro era um porto de paz no seio da sociedade atormentada de Atenas no século IV a.C, o refúgio de discípulos ativos; a frugalidade e uma relativa austeridade aí reinavam. O poeta Lucrécio, que foi o mais célebre discípulo de Epicuro, em seu Tratado de natureza (De natura rerum) disse dele, três séculos após sua morte: “Foi um deus, sim, um deus, o que primeiro descobriu essa maneira de viver que agora se denomina sabedoria.” O epicurismo desenvolveu-se no séc. II a.C. no Egito, em Antioquia e em Roma: no século I, com Fedro, foram fundados centro epicuristas em Roma. O epicurismo teve um renascimento no século XVII com Gassendi, filósofo sensualista, e inspirou a moral utilitarista dos anglo-saxões (Bentham, Stuart Mill). (V. moral.) [Larousse]


Epicuro (341-270 a. C.) afirmava que “a filosofia deve servir somente para alcançar a verdadeira liberdade”, a serenidade em que o espírito tem consciência que o domínio sobre si pertence-lhe totalmente. “O essencial para à nossa felicidade é a nossa condição íntima, da qual somos donos”. Para a conquista dessa felicidade, é necessário um conhecimento verdadeiro e seguro da realidade universal. Dessa forma, a física e a teoria do conhecimento (canônica, como a chama Epicuro) são os meios para atingir o fim, que é dado pela ética. A canônica é a teoria do canon do conhecimento. Estabelece a experiência sensível como a fonte única de todo saber e, como critério de verdade, a evidência. Epicuro fundava sua doutrina no atomismo de Demócrito, que já estudamos.

A aceitação do naturalismo permite que nos libertemos do temor dos deuses e do medo da morte. Pregava Epicuro a busca de um prazer estável, e não do prazer em movimento dos cirenaicos. Esse prazer em repouso é a ata-raxia, a ausência de perturbação, e a aponia (a ausência da dor). O prazer espiritual, que sempre está à nossa disposição, pode cobrir e compensar qualquer sofrimento físico, à proporção, sobretudo, quanto mais elevada e pura fôr a contemplação da verdade, que nos permite pener trar mais fundo no infinito e no eterno. É a prudência, á qual é a mãe da felicidade e a mãe da virtude, também. [MFS]