O ente pode ser atual ou possível. E tal se dá quando a sua aptidão a existir é presente, dá-se no exercício da existência (atual) ou vem a suceder (possível).
É intrinsecamente possível o ente que, por coerência consigo mesmo, não tem nenhuma existência atual.
Possível é o que pode existir. Impossível o que não pode existir. Ente puramente possível, ou simplesmente possível, é aquele que pode existir, mas não existe em ato.
- Intrínseca, por coerência própria (tem-na em si mesmo);
- Extrínseca, a que está na causa (em outro);
Intrínseca:
- Formal
- Interna
- Passiva
- Absoluta
Extrínseca:
- Radical
- Ativa
- Relativa
- Causal
A possibilidade (intrínseca) formal da coisa não existente carece de toda atualidade física.
Para os escolásticos é existente o que de fato é dado nas coisas da natureza; é a existência uma forma lógica intrínseca, cuja afirmação se pode fazer porque, de fato, se dá nas coisas da natureza.
Em suma, é existente, para os escolásticos, o fático, ou o que se funda no fático.
Se ente é o que tem aptidão a existência, ente existente é o que tem aptidão em ato, isto é, aquele cuja aptidão transita-se no exercício da existência.
Vimos que o possível é o que pode ocorrer, ou o que pode ser de uma maneira ou de todas as maneiras. Por isso a possibilidade pode ser absoluta ou relativa, ou, real ou ideal.
Em sentido lógico (ideal), é aquilo que não é contraditório; e em sentido real, aquilo que pode ser em certas condições.
O racionalismo costuma reduzir a possibilidade real a ideal, e faz da possibilidade uma mera possibilidade lógica (ideal).
De certo modo, o possível opõe-se ao atual, mas essa oposição é antagonista, resolúvel, e não antinômica.
Sua oposição consiste em ser aquilo que pode atualizar-se.
Assim, o atual é o cumprimento de uma possibilidade.
Para Kant, o possível é o “que concorda com as condições formais da experiência” (enquanto a intuição e aos conceitos).
No idealismo romântico, a possibilidade é entendida muitas Vezes como o princípio de todo ser, convertendo-se o Absoluto, entendido como perfeita indiferença, em possibilidade pura.
Desta forma, a possibilidade é concebida como princípio de todo o ser, como verdadeiro absoluto, o que já estava refutado com milênios de antecedência.
Para Bergson, tal interpretação é errônea, pois é o que se torna possível e não o possível o que se converte em real (tese já antiga na escolástica).
A. Von Meinong procura solucionar as dificuldades sobre a possibilidade. Adscreve a possibilidade aos “objetivos”, e não aos objetos.
A possibilidade é possível de aumento ou de diminuição, é uma “propriedade quantitativa”, que pode alcançar os limites da efetividade.
A distinção entre a efetividade dos possíveis e a realidade, deve-se ao fato de corresponder ao possível os “objetivos”, de tal maneira que a existência de uma coisa equivale a indicação da efetividade de sua existência.
Os objetos são correlacionados as percepções, mas os objetivos são correlatos as suposições, ou aos juízos. Assim o efetivo é uma possibilidade maior, e o possível uma efetividade menor.
Com isso, ele une efetividade com possibilidade, afim de resolver a aporia, o que retorna ao que já estava estabelecido na filosofia da escolástica. [MFS]