Para Weber, o objetivo da ciência é o de dizer a verdade, descrever e explicar. E esse também é o objetivo da historiografia, cujo interesse está voltado para a “configuração real e, por conseguinte, individual, da vida social que nos circunda”. E é o objetivo das ciências sociais, cujo interesse está voltado para as uniformidades que podem ser encontradas na ação enquanto agir social, que é uma ação determinada pela constante referência ao comportamento dos outros.
Em Economia e sociedade, Weber distingue quatro tipos de agir social: 1) comportamento racional em relação a um fim (como, por exemplo, o do engenheiro que constrói uma ponte ou do general que pretende conquistar a vitória); 2) ação racional em relação a um valor (quando o sujeito age racionalmente não para alcançar um resultado extrínseco, mas para permanecer fiel a um valor, como no caso do capitão que vai a pique com o navio que afunda ao invés de abandoná-lo); 3) ação afetiva (aquela ditada imediatamente pelo estado de espírito ou pelo humor do sujeito); 4) ação tradicional (aquela que é ditada por hábitos, costumes e crenças, tornados como que segunda natureza). Esses tipos de ação encontram-se mais ou menos misturados na vida social, mas sua classificação é necessária para se poder interpretar a vida social.
Assim, as ciências histórico-sociais têm o objetivo de descrever e explicar conformações históricas individuais e regularidades do agir social. Por isso, a quantificação e a medida não são objetivos da ciência, e sim procedimentos metodológicos oportunos, não, porém, constitutivos do saber científico, cujo objetivo é e continua sendo a verdade “para todos os que querem a verdade”. E acrescenta Weber: também não podemos estabelecer como fundamento das ciências histórico-sociais, como geralmente fizeram os historicistas, a intuição, ou seja, a penetração simpatética (Einfühlung) e a possibilidade de reviver (Nacherleben) as experiências (Erlebnisse) dos outros.
Contra essa concepção, em grande voga na sua época, Weber observa: 1) que a intuição pertence ao âmbito do sentimento e não ao campo da ciência controlada; 2) que a experiência vivida não pode substituir os conceitos, mas é pessoal e refratária às provas; 3) que, através da experiência vivida, não apenas não podemos reproduzir um acontecimento completamente—visto que o Erlebnis sempre realiza uma seleção —, mas, na realidade, nada mais fazemos do que realizar nova experiência; 4) que a experiência vivida, embora qua talis não seja um conhecimento científico, entretanto pode tornar-se ciência, com a condição de que seus produtos (afirmações ou hipóteses) sejam submetidos às normas comuns do método científico e superem as devidas provas. [Reale]