(lat. Docta ignorantia).
Consciência dos limites do saber, como princípio ou fundamento de um saber positivo. Essa expressão encontra-se, talvez pela primeira vez, em S. Agostinho (Ep. ad Probam, 130, 15, § 28). Repete-se algumas vezes na filosofia medieval, sendo usada p. ex. por S. Boaventura, para caracterizar o êxtase: “Como por uma douta ignorância, nosso espírito é arrebatado acima de si, na obscuridade e no êxtase” (Breviloquium, V, 6). Mas sua difusão deve-se a Nicolau de Cusa, que deu esse título a uma de suas maiores obras (De docta ignorantia, 1440). Nicolau de Cusa, como os outros, usou a expressão com referência a Deus: a douta ignorância consiste em saber que nada se pode saber de Deus. Deus é infinito, logo está além de qualquer proporção com o finito, ou seja, com o homem: o que faz dele algo de incomensurável em relação aos poderes humanos, podendo ser entendido somente por via de alteridade, ou seja, negando ou levando ao extremo os caracteres conhecidos pelo homem (De docta ignor., I, 3; De coniecturis, I, 13; Apologia, p. 13) (v. ignorância). (Abbagnano)