demiurgo

(gr. demiourgos; lat. Demiurgus; in. Demiurge, fr. Démiurge, al. Demiurg; it. Demiurgo).

O artífice do mundo. Essa palavra tem origem em Timeu, de Platão; nessa obra, a causa criadora do mundo é atribuída a uma divindade artífice que cria o mundo à semelhança da realidade ideal, utilizando uma matéria informe e resistente que Platão chama de “matriz do mundo” (Tim., 51 a). A obra criadora do demiurgo (analogamente à de um artesão humano) não investe mas pressupõe os princípios constitutivos da própria natureza, que são: 1) as formas ideais eternas; 2) a matéria com sua necessidade; 3) o espaço que não admite geração e destruição e que é a sede de tudo o que é gerado (Ibid, 52 b). Para Platão o demiurgo também é o criador das outras divindades, que receberam a função de gerar os seres vivos (Ibid., 41 c). A noção de demiurgo foi retomada várias vezes na história da filosofia. No séc. I, Numênio de Apameia distinguiu o demiurgo da Inteligência como um Deus que atua sobre a matéria e forma o mundo. O mundo seria o terceiro Deus (Eusébio, Praep. Ev., XIV, 5). No séc. II, foi retomada pelos gnósticos: Valentino considerou o demiurgo como o último dos eons ou divindades emanadas (Clemente de Alexandria, Strom., IV, 13, 89). Na idade moderna a concepção do demiurgo foi retomada por Stuart Mill, que considerou o poder divino limitado pela qualidade da matéria empregada, pela substância ou pelas forças de que se compõe o universo e pela incapacidade de realizar da melhor forma os fins estabelecidos (Three Essays on Relig., 3a ed., 1885, p. 194). [Abbagnano]