débito

(in. Debt; fr. Dette, al. Schuld, it. Debito).

Segundo Kant, o débito originário é o pecado original ou mal radical: o homem, por ter começado com o mal, contraiu um débito que já não lhe cabe liquidar e que é intransmissível por ser a mais pessoal de todas as obrigações (Religion, II, 2 C). Heidegger tirou essa noção da esfera moral e estudou-a na esfera ontológica. Considerou o “estar em débito” como uma das manifestações do “estar em falta” (Schuld significa tanto culpa quanto débito). Nesse sentido, estar em débito é uma das formas da coexistência “no quadro das ocupações, providenciando, produzindo, etc. Outros modos dessa ocupação são subtrair, plagiar, defraudar, tomar, roubar, isto é, não satisfazer o direito de posse de alguém”. Mas essas são apenas manifestações de uma culpabilidade essencial e originária da existência, que é a de não ser seu próprio fundamento, de não ter em si o ser, mas de incluir o nada como sua própria determinação. São manifestações dessa culpabilidade ontológica a culpa e o débito (Sein und Zeit, § 58). (Abbagnano)