(lat. Cura; al. Sorge, it. Cura).
A preocupação, que, segundo Heidegger, é o próprio ser do ser-aí, isto é, da existência. A cura (cuidado, atenção) é a totalidade das estruturas ontológicas do ser-aí enquanto ser-no-mundo: em outros termos, compreende todas as possibilidades da existência que estejam vinculadas às coisas e aos outros homens e dominadas pela situação. Heidegger lembra a fábula 220 de Higino como “um testemunho pré-ontológico” da sua doutrina do cuidado. Essa fábula termina com estas palavras: “Como foi cuidado quem primeiro imaginou o homem, que fique com ele enquanto ele viver” (Sein und Zeit, § 42). Todavia, Heidegger adverte: “Essa expressão nada tem a ver com ‘aflição’, ‘tristeza’, ‘preocupações’ da vida como se revelam onticamente em cada ser-aí. Ao contrário, é onticamente possível algo como ‘despreocupação’ e ‘alegria’, justamente porque o ser-aí, ontologicamente entendido, é cuidado (cura); como ao ser-aí pertence de modo essencial o ser-no-mundo, seu ser em relação com o mundo é essencialmente ocupação” (Ibid., § 12). [Abbagnano]
Nota da Tradução brasileira de Ser e Tempo:
Quando se pretende remeter para o nível de estruturação da pre-sença (Dasein) em qualquer relação, usa-se sempre o termo latino cura, pois indica a constituição ontológica. Quando porém se quer acentuar as realizações concretas do exercício da pre-sença, utiliza-se a palavra cuidado e seus derivados.