confirmação

Na filosofia contemporânea usou-se o vocábulo “confirmação” e os vocábulos afins confirmar, confirmável, confirmabilidade, etc, em dois sentidos principais. Por um lado, e de um modo geral, falou-se de confirmação num sentido semelhante ao de verificação. Do mesmo modo que se admitiram graus de verificação, admitiram-se graus de confirmação, ou confirmabilidade, de enunciados.

Por outro lado, e de um modo mais específico e estrito, falou-se de confirmação em relação às inferências indutivas. Com efeito, levantou-se o problema de saber como, até que ponto e em que grau ou graus pode dizer-se que uma hipótese é confirmável. Isto equivale a perguntar-se que regras permitem distinguir entre inferências indutivas válidas e inferências indutivas não válidas. O problema da confirmação pode formular-se como o problema da relação que existe entre dois enunciados e1 e e2, tais que e1 é um enunciado que confirma e2. Ora, quando se procuravam formular com toda a precisão as condições necessárias para que um enunciado pudesse ser considerados como confirmação de outro enunciado, descobriram-se vários paradoxos, usualmente chamados “paradoxos da confirmação”. Um dos paradoxos é o seguinte: se um enunciado: e1 é consequência do enunciado e1 e da união de e1 com qualquer outro enunciado, e n e portanto, se um enunciado, e1 e a união de e1 com qualquer outro enunciado, e n, acontecerá que e1 e n terão como consequência também e1. Portanto, qualquer enunciado confirmará qualquer enunciado. Este paradoxo resolve-se reconhecendo que dado um enunciado, h1, que representa uma hipótese, todos os enunciados e n, que confirmam h1 são consequências de h1, mas que nem todas as consequências de h1 confirmam h1. Em rigor, só confirmam h1 os enunciados que são consequência de h1 e, ao mesmo tempo, são exemplos de h1. Assim, um dos paradoxos é o seguinte: Se supusermos o enunciado: todos os cisnes são brancos 1: o enunciado a: é um cisne branco 2: será uma confirmação de 1. suponhamos agora o seguinte enunciado: P é um cisne não branco 3: este enunciado não parece nem confirmar nem desconfirmar 1. consideremos agora o enunciado: Todas as coisas não brancas são não cisnes 4:. o enunciado: C é um não cisne não branco 5: está relacionado com 4 do mesmo modo que 2 está relacionado com 1. Com efeito, 1 e 4 são logicamente equivalentes, isto é, expressam a mesma lei, embora difiram no modo de a formular. Portanto, qualquer confirmação de 4 terá de ser uma confirmação de 1. Mas então 5 será uma confirmação de 1. Por outras palavras, qualquer enunciado como: C é um gato pardo, c é uma pedra preciosa, c é um livro sobre lógica indutiva, etc, terão de ser confirmações do enunciado: Todos os cisnes são brancos. Procurou-se resolver este paradoxo, apelando para o cálculo de probabilidades sem recorrer a leis de uma suposta “lógica indutiva independente”. Outros procuraram restringir as regras por meio das quais se afirma que um dado enunciado confirma ou não confirma uma dada hipótese. Estes e outros paradoxos mostram que o conceito de confirmação é extremamente complexo. Para já, pode distinguir-se, com Carnap, entre um conceito semântico e um conceito lógico de confirmação, e dentro do primeiro, entre um conceito comparativo e um conceito quantitativo de confirmação. Logo, pode distinguir-se entre diversos graus de confirmação ou confirmabilidade. Para este efeito, Podem usar-se diversos termos ou expressões tais como “a é confirmado por n”, “a é apoiado por b”, “b proporciona uma prova positiva de a”, etc. Podem apresentar-se também valores numéricos para os graus de confirmação. [DF]