Os conceitos (enquanto esquemas noéticos): essência e existência, matéria e forma, substância e acidente, causa e fim, etc, resultam da abstração de dados comuns da experiência, quer interna quer externa, por influência da intuição ou da razão.
Os conceitos mais abstratos conservam sempre uma referência à experiência imediata (intuitiva).
E é em consideração a essa experiência que eles tomam sentido, e quando designam o objeto dessa experiência, têm significação.
Poder-se-ia perguntar se os conceitos formados a partir dos dados da experiência poderiam representar, significar, dados de outra ordem?
(A espiritual, por exemplo).
Não se pode deixar de reconhecer que os conceitos se fundam em conteúdos da experiência fáctica. A incorporação do pathico (v. pathos) nos conceitos da razão e da intuição é indubitável.
E na “Psicogênese” teremos ocasião de estudar esta influência.
Quanto aos modos de significações dos conceitos podemos classificar: analogia; equivocidade; univocidade. [MFS]
Assim, os conceitos, por intermédio dos quais interpretamos o mundo, pussuem o caráter de um grupo, que, no dizer de Poincaré, pré-existe a tal ponto em nosso espírito, que não podemos pensar sem a sua intervenção. Isto é matemática reduzida à sua forma pura. Condiciona nossos meios de expressão, já que nosso pensamento é sempre global. Não distingue homologias; antes, delas se serve. Não individualiza imagens que têm muito de devaneio, como a nuvem em que Hamlet enxergava simultaneamente uma baleia, uma doninha e um camelo. Apenas vai captar um conjunto de elementos da mesma forma, um grupo da mesma atitude, um gesto de mesmo sentido, constituindo a referência comum que caracteriza nosso interesse passageiro. A linguagem não pode obter uma precisão maior que este pensamento que ela tenta traduzir e cuja indeterminação lhe facilita expressar-se. Do gesto ao símbolo podemos portanto dizer que o mecanismo da língua, dos signos e de nosso pensamento, utiliza sempre uma simples analogia topológica. (Benoist)