Burke, Edmund (1729-1797) Filósofo, político e ensaísta de origem irlandesa, um dos principais teóricos do conservadorismo no séc. XVIII. Nasceu em Dublin, na Irlanda, estudou no Trinity College desta cidade, passando em seguida a viver na Inglaterra, onde tornou-se conselheiro de políticos influentes e membro do parlamento pelo Partido Conservador. Apesar de conservador, Burke foi um defensor da Revolução Americana de 1776 e do direito à autodeterminação das colônias: entretanto, opôs-se violentamente à Revolução Francesa em sua obra famosa Reflections on the Revolution in France (1790).
O pensador inglês sir Edmund Burke, em sua luta contra a Revolução Francesa, havia publicado um ensaio, Reflections on the Revolution in France (1790), no qual sublinhava a importância da vivência histórica nacional como fundamento das instituições. Repelindo toda ideia da sociedade concebida como contrato, Burke considerava o Estado como entidade natural, como criação e reflexo de forças e valores anteriores a toda vontade premeditada. Fazia ver que o Estado é muito mais complexo do que supunham os simplórios da Revolução Francesa, pois o Estado é o conjunto de todo o patrimônio moral, espiritual e material da Nação, abraçando os vivos e os mortos, a tradição e o renovamento. Fundados em seu profundo senso histórico é que os ingleses mediam sua liberdade — não à luz de textos abstratos e constituições declarativas — e sim à luz de sua tradição. Ora, uma liberdade fundada na tradição só pode nascer de instituições que vivem historicamente, que se desenvolvem organicamente, que nunca são inteiramente novas quando se transformam, nem inteiramente antiquadas quando se conservam. As teses de Burke eram historicistas, no sentido de que defendiam a razão histórica contra a razão abstrata. A vivência contra o raciocínio. Os direitos nacionais do cidadão concreto, contra os direitos igualitários e artificiais da Revolução. [Barbuy]