(in. Authentic; fr. Authentique; al. Authentisch; it. Autentico).
Termo empregado por Jaspers (ao lado do termo inautêntico, simétrico e oposto) para indicar o ser que é próprio do homem, em contraposição à perda de si mesmo ou de sua própria natureza, que é a inautenticidade. “O autêntico”, diz Jaspers, “é o mais profundo, em contraposição ao mais superficial; p. ex., o que toca o fundo de toda existência psíquica contra o que lhe aflora à epiderme, o que dura contra o que é momentâneo, o que cresceu e se desenvolveu com a própria pessoa contra o que a pessoa acolheu ou imitou” (Psychologieder Weltanschauungen, 1925, intr., § 3, 1). Heidegger expressou em outros termos a mesma oposição: “Precisamente porque o ser-aí (isto é, o homem) é essencialmente a sua possibilidade, esse ente pode, no seu ser, escolher-se e conquistar-se ou perder-se, ou seja, não se conquistar ou conquistar-se só aparentemente” (Sein und Zeit, 1927, § 9). A possibilidade própria do ser-aí é a morte: por isso, “O ser-aí é autenticamente ele mesmo só no isolamento originário da decisão tácita e votada à angústia” (ibid., § 64). Por outro lado, a existência inautêntica é caracterizada pela tagarelice, pela curiosidade e pelo equívoco, que constituem o modo de ser cotidiano, impessoal do homem e representam, portanto, uma decadência do ser em relação a si mesmo (ibid., § 38). Deve-se, porém, advertir que a distinção e a oposição entre autenticidade e inautenticidade não implicam nenhuma valorização preferencial. A inautenticidade faz parte da estrutura do ser tanto quanto a autenticidade. “O estado de decadência do ser-aí não deve ser entendido como uma queda de um ‘estado original’ mais puro e mais alto. De algo semelhante não só não temos nenhuma experimentação ôntica, como nem mesmo o caminho de uma possível interpretação ontológica” (ibid., § 38). Com sentido análogo ao de Jaspers e de Heidegger, as duas palavras têm sido usadas com frequência na filosofia contemporânea. [Abbagnano]