atividade

(in. Activity; fr. Activité; al. Tätigkeit ou Aktivität; it. Attivita).

Esse termo tem dois significados correspondentes aos dois significados da palavra ação. De um lado, é empregado para indicar um complexo mais ou menos homogêneo de ações voluntárias (com referência ao 2° significado da palavra ação), como quando se diz “x desenvolveu intensa atividade política”. De outro, é usado para indicar o modo de ser daquilo que age ou tem em seu poder a ação, como quando se diz “O espírito é ativo no conhecer”, para dizer que não é simplesmente receptivo ou passivo. O contrário de atividade, nesse segundo sentido, é “passividade”, ao passo que o contrário de atividade no primeiro sentido é “inércia” ou “inação”.

O uso filosófico coincide com o uso da linguagem comum e, portanto, também é dúplice. Todavia, sobretudo no uso moderno, prevalece o segundo significado. Malebranche (Recherche de la vérité, II, 7), alguns ideólogos franceses e Galluppi (Filosofia della volontà, I, 6, § 60) utilizam o termo atividade para designar o modo de agir da vontade; mas, ainda nesse caso, o significado do termo é o segundo, não o primeiro. Quanto a esse segundo significado, pode-se talvez remontar a Locke, que distingue a “passividade” do espírito, pela qual ele recebe todas as ideias simples, da atividade pela qual ele “realiza por conta própria numerosos atos” nos quais “exerce poder sobre as ideias simples” (Ensaio, II, 12, 1). Leibniz (Nouv. ess., II, 21) e Kant usam para esse fim e com o mesmo significado a palavra espontaneidade, embora em Antropologia (I, § 72) Kant use a palavra “atividade”: “No que concerne ao estado das representações, o meu espírito pode ser ativo, e então demonstra poder (facultas), ou passivo, e então possui sensibilidade (receptivitas). Um conhecimento encerra em si ambas as coisas, e a possibilidade de tê-lo é chamada de poder cognoscitivo da parte mais excelente, isto é, da atividade do espírito em ligar as representações ou em separá-las umas das outras”. A noção de atividade, como espontaneidade pura ou absoluta no sentido de poder criativo, está no cerne da filosofia de Fichte. “A atividade do eu consiste no ilimitado pôr-se”, diz Fichte (Wissenschaftslehre, 1794, II, § 4), e, pondo-se a si mesmo, o eu também põe, ao mesmo tempo, o mundo extenso como seu próprio limite e condição. A partir de Fichte, a filosofia moderna teve como um de seus temas prediletos “a atividade criadora do espírito”; em algumas, como o atualismo de Gentile, constitui o tema dominante. É claro que, nessas formas extremas, a noção de atividade perde significado: este deriva da relação com a noção de passividade, enquanto designa a possibilidade e o poder de ação em face de limites ou condições determinadas, ao passo que, onde a atividade é infinita, não subsistem limites ou condições e a distinção entre atividade e passividade não tem sentido. [Abbagnano]